Postagem atualizada em 13/06/2012 às 2h40
Na primeira rodada de negociação, governo pede trégua, ignora existência dos servidores e inicia negociação com quebra da unidade das categorias
Depois de 26 dias de paralisação dos docentes das universidades federais, o governo abriu, nessa terça-feira (12), uma reunião do GT Carreira com um pedido de trégua de 20 dias no movimento grevista como condição para ele apresentar uma proposta para as categorias do setor da educação. Rejeitada pelas três entidades que participaram da reunião – Sinasefe, Andes-SN e Proifes – , a trégua foi uma proposta abandonada pelo secretário de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, na primeira parte do encontro e, depois de uma pequena pausa de 15 minutos, foi estabelecida uma mesa de negociação em que o governo se comprometeu com os professores a fechar a proposta definitiva até o dia 2 de julho.
Na manhã da próxima terça-feira (19), haverá novo encontro dos representantes da Pasta do Planejamento e da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC) com as entidades representativas do setor da educação, na qual o governo deverá apresentar uma proposta preliminar que terá como referência remuneratória a carreira de Ciência e Tecnologia.
Na avaliação da diretoria do Sinasefe, a reunião foi positiva porque o governo reconheceu a paralisação, manteve a mesa de negociação durante o movimento grevista e concordou em antecipar a apresentação proposta para o dia 2 de julho e não no dia 31, conforme foi definido em outros encontros.
Contudo, para os outros segmentos da educação os problemas continuam. Durante a reunião, os representantes do Sinasefe, que também rejeitaram o pedido de trégua e lembraram que a categoria deu ao governo 255 dias de trégua para que fosse apresentada uma proposta e estabelecido um acordo, alertaram para a necessidade de se construir uma proposta para os TAE e reivindicou a realização de uma mesa em conjunto com a Fasubra.
Os estudantes, por sua vez, nem sequer foram recebidos. Antes mesmo da reunião, ainda na entrada do ministério, os representantes estudantis foram barrados e impedidos de participar da mesa sob a alegação que a reunião não seria de negociação, e sim do GT Carreira.
“O que vimos foi, mais uma vez, a atuação no sentido de fragmentar a unidade do setor da educação. Mas os governantes têm de entender que se querem resolver o problema da educação neste País terão de considerá-la como um todo, sobretudo, na hora de resolver os problemas dos segmentos docente, técnico-administrativo e estudantil. Além disso, é preciso reconhecer que a greve do setor da educação é uma realidade”, afirmou o coordenador-geral da entidade e integrante da comissão do Sinasefe que participou do encontro, David Lobão.
Para Lobão, a greve das categorias é um elemento fundamental para facilitar a negociação e incrementar a dinâmica negocial. “O que importa é estabelecer de fato a negociação”, disse. O diretor Marcos Dorval disse que o governo deve adotar, com os técnicos, a mesma disposição que teve com os docentes de antecipar a data de fechamento da proposta. Tania Guerra, por sua vez, alertou para o fato de que a proposta governamental com o referencial remuneratório da carreira de Ciência e Tecnologia precisa ser apresentada formalmente, visto que as duas carreiras têm profundas diferenças.
No entendimento das lideranças sindicais do Sinasefe, a greve da Fasubra, que começou nessa segunda-feira (11), e a do Sinasefe, que começa nesta quarta-feira (13), a pressão se tornará mais forte e as possibilidades de se realizar uma negociação que atenda à demanda das entidades será proporcionalmente maior.
Participaram da reunião, o secretário de Educação Superior do MEC, Amário Lins; o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça; o diretor de Políticas de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Aléssio Trindade de Barros; a coordenadora geral de Negociação e Relações Sindicais do MPOG, Edina Lima; a secretária adjunta da Secretaria de Relações de Trabalho do Planejamento, Marcela Tapajós; representantes da diretoria e do comando de greve do Andes-SN, representantes do Proifes e do Sinasefe.