Postagem atualizada em 07/07/2015 às 17h46
Num auditório lotado, as entidades organizadoras protagonizaram a mesa de abertura da Reunião, que começou às 9 horas da manhã e teve uma análise conjuntural centralizando o debate na temática do fortalecimento da luta por mais investimentos na Educação Pública.
A 1ª vice-presidente do Andes-SN, Marinalva Oliveira, apontou que “há anos a redução de investimento público afeta as instituições públicas de ensino. E, nesse ano, o que houve foi o aprofundamento desses cortes, com o chamado ‘ajuste fiscal’, implementado pelo governo federal”. A professora explicou que não falta dinheiro para a Educação Pública, mas sim que existe atualmente no país uma prioridade para a aplicação dessa verba. “O que está em jogo é uma disputa de projetos e o governo tem como objetivo o desmonte do serviço público, através da precarização dos seus trabalhadores. Os recursos que estão sendo cortados estão indo, em números significativos, para a iniciativa privada. Dentro da Educação, por exemplo, esse dinheiro é repassado para o Fies e o Prouni, salvando os tubarões do ensino”, denunciou.
Representando a Fasubra Sindical, o coordenador geral da entidade, Rogério Marzola, afirmou que a greve em que os técnicos das IFES estão desde 28 de maio é a resposta contra “a ótica do governo de que o serviço público é que tem que pagar a conta da crise”. Para ele, é preciso unificar e mobilizar as lutas para por fim à essa visão do governo, que insiste em aumentar carga de trabalho, arrochar os salários e intensificar as parcerias público-privadas (PPP).
Em relação aos cortes na área de educação, Larissa Rahmeier, da Oposição de Esquerda da Une, ressaltou o sucateamento de várias instituições de ensino do país como consequência dessa política do governo. “Há ausência na oferta de matérias de diferentes cursos e na assistência estudantil temos visto atrasos nas bolsas”, comentou. A estudante citou as ocupações em algumas reitorias, entre elas, a da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), como exemplo de mobilização contra os cortes orçamentários, além da deflagração de greves estudantis em diversas universidades, em apoio também à luta dos servidores.
Bia Martins, da direção da Executiva Nacional da Fenet, reafirmou a importância da unidade dos movimentos sociais diante da atual conjuntura que o país passa para derrotar a política do governo. Ela ressaltou as dificuldades que passa a Educação Básica, Profissional e Tecnológica: “é difícil falar de escola técnica sem falar do Pronatec, que colocou 8 milhões de jovens nas escolas, mesmo estando longe de ser o programa que queremos. Os cortes nas verbas para a educação resultou na diminuição de 66% do orçamento do programa, o que também refletiu na redução das vagas. O programa que era carro chefe da propaganda do governo, agora não é mais”. Bia ressaltou que muitos estudantes sofrem com o atraso do auxílio estudantil e hoje há uma evasão nos cursos de 30%.
Lucas Brito, da Executiva Nacional da Anel, ressaltou a importância da realização da Reunião Federal, seguida da organização da Caravana Nacional em Defesa da Educação Pública. “Estarmos aqui reunidos é uma grande demonstração que temos disposição de sair às ruas e impedir o avanço de todos os projetos que hoje retiram os direitos dos trabalhadores e da juventude”, apontou. Brito disse que o corte de R$ 9,4 bilhões da Educação Pública evidencia ainda mais as consequências de um projeto de expansão precarizada, implementado através do Reuni, da dedicação das verbas públicas para o ensino privado, por meio do Prouni e do Fies, e também traz à tona a lógica do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), ressaltando o caráter neoliberal das políticas públicas do governo.
Finalizando a mesa, Eugenia Martins, coordenadora geral do SINASEFE, reforçou a necessidade do conjunto dos trabalhadores de barrar os ataques ao serviço público. “Precisamos aproveitar esse momento de paralisação para explicar para a população porque decidimos pela deflagração da greve. Temos a oportunidade de repetir a unidade construída na greve de 2012, em que trabalhadores e estudantes das instituições públicas de ensino federal estiveram paralisados”, apontou.
Ela também levou o informe de que os servidores da base do SINASEFE, reunidos no último final de semana na 132ª PLENA, aprovaram a deflagração de greve por tempo indeterminado a partir do próximo dia 13. “Queremos uma Educação Pública e de boa qualidade. Espero que amanhã [durante a Caravana Nacional em Defesa da Educação Pública] façamos a diferença nas ruas”, apontou Eugenia.
Ao encerramento das análises de conjuntura por parte da mesa, a palavra foi aberta aos demais participantes, que fizeram diversas intervenções.
Tarde: grupos de trabalho e aprovação do manifesto
Na parte da tarde, os participantes se dividiram em quatro grupos de trabalho, que debateram a situação da Educação Pública no cenário atual de ajuste fiscal e cortes orçamentários.
Após os grupos, o conteúdo dos debates segmentados foi repassado e aglutinado, com a Reunião sendo finalizada após a aprovação do Manifesto da Educação Federal.
Clique aqui para conferir o texto integral do Manifesto em defesa da Educação Pública, contra os cortes no orçamento e por mais investimento em Educação Pública, assinado pelas entidades que organizaram a Reunião da Educação Federal.
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