Marcha em Brasília-DF com 30 mil pessoas termina duramente reprimida pela PM

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Marcha em Brasília-DF com 30 mil pessoas termina duramente reprimida pela PM

Postagem atualizada em 30/11/2016 às 13h37

A Polícia Militar (PM) do Distrito Federal (DF) deu uma aula de incompetência em segurança pública e de fascismo ao agir com violência para reprimir e dispersar a Marcha contra a PEC 55/2016, realizada ontem (29/11), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília-DF. A manifestação, que contava com mais de 30 mil pessoas, foi convocada por entidades classistas e estudantis, movimentos populares, sociais e indígenas.

Início
O começo do ato se deu conforme a programação inicial que divulgamos na segunda-feira (28/11) aqui em nosso site. O almoço aos caravaneiros, que chegavam de todas as regiões do país, começou a ser servido às 12 horas, em frente ao Ministério da Educação (MEC).
Por volta das 14 horas a multidão se organizou ainda em frente ao MEC, local onde a coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, palestrou aos presentes sobre o sistema da dívida pública nacional e os ataques contidos na PEC 55/2016 – que, se aprovada, congelará investimentos em áreas sociais e serviços públicos por duas décadas.
Em paralelo a isso, caminhoneiros organizados pela UTRC – que estavam protestando pela aprovação do PL 528/2015, que estipula a tabela mínima de fretes – manifestaram seu apoio à nossa Marcha e à luta contra a PEC 55/2016 com um buzinaço e um bloqueio parcial da via N1 da Esplanada dos Ministérios.
Após o encerramento da palestra ministrada por Fattorelli, todos os grupos e caravanas se dirigiram rumo ao Museu Nacional, para concentração da Marcha rumo ao Congresso Nacional.
O ato
No Museu Nacional, por volta das 16 horas, todos os caravaneiros se encontraram e a partir disso começamos a ter uma ideia da dimensão que o ato teria: cerca de 25 mil pessoas já tomavam o espaço e as caravanas ainda continuavam a chegar com novos lutadores.
Rapidamente os grupos se organizaram em blocos de servidores, categorias, estudantes, indígenas, quilombolas, LGBTs, feministas e movimentos sociais e populares, tomando a via S1 da Esplanada e partindo rumo à Alameda dos Estados.
Bandeiras, faixas, cartazes, apitaços, batucaços, performances, jograis e outras atividades segmentavam a Marcha em grandes grupos, sob a coordenação de dois trios elétricos e um carro de som.
Palavras de ordem pedindo o “Fora Temer!”, contra a PEC 55/2016, contra os PLs do Escola Sem Partido, contra as reformas do ensino médio, trabalhista e previdenciária foram entoadas durante todo o percurso.
Mesmo sabendo que o Senado estava a discutir a PEC em seu plenário e ainda que diante de tamanha gravidade com sua possível aprovação, o clima da Marcha era de festa e de paz. Não houve nenhum registro de violência ou depredação no primeiro percurso em sentido S1-Congresso.

A repressão
Após percorrer toda a Esplanada, os cerca de 30 mil trabalhadores e estudantes chegaram em frente ao Congresso Nacional, estacionando a Marcha na via transversal conhecida como Alameda dos Estados.
Por alguns minutos, todos puderam ficar em harmonia em frente ao espelho d’água do Congresso, com as representações das entidades fazendo intervenções aos microfones dos trios elétricos: era um ato político e pacífico.
Mas, inexplicável e tristemente, a PM iniciou de maneira grosseira e violenta a dispersão do ato que questionava frontalmente a pauta em debate pelos senadores naquele momento.
A Esplanada dos Ministérios se transformou numa praça de guerra com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral jogadas indiscriminadamente contra estudantes e trabalhadores em luta contra a retirada de direitos.
Dos trios elétricos, os organizadores da Marcha tentavam reorganizar a manifestação e proteger os lutadores, com pedidos à PM de cessar-fogo, mas as súplicas de nada adiantaram: os policiais seguiram atirando, mesmo com os manifestantes de costas, retornando ao Museu Nacional.
Houve tumulto e quebra-quebra generalizado por conta dos ânimos insuflados pela ação fascista da PM. As vidraças dos ministérios destruídas, os automóveis incendiados e queimados, e os banheiros químicos transformados em barricadas foram nada mais do que tentativas dos manifestantes em retardar o avanço da Polícia e desviar sua atenção para que os feridos pudessem ser atendidos e mesmo removidos do local.
A Marcha tentou reestabelecer o ato no Museu Nacional, mas devido ao cenário de confronto criado pela Polícia e por conta da forte presença de gás lacrimogêneo no local, a atividade acabou sendo encerrada. O batalhão de choque ainda atuou nesses momentos finais com balas de borracha e prendendo manifestantes, em ação que durou até às 22 horas.

Vídeo de resumo

Esclarecimentos
Dezenas de feridos foram atendidos ainda no local, por ambulâncias e equipes médicas organizadas pelos movimentos que construíram a Marcha. Sim, isso foi verdade.
Muitos estudantes e trabalhadores foram detidos e levados às delegacias do DF, onde foram fichados e ficaram privados de suas liberdades por algumas horas. Todos os detidos foram liberados, com a ajuda de advogados das entidades organizadoras da Marcha, até a madrugada de hoje (30/11). Sim, isso foi verdade.
Muitos manifestantes – principalmente estudantes que vieram nas caravanas – ficaram desaparecidos por várias horas. No entanto, todos já foram localizados e estão em situação de segurança. Sim, isso foi verdade.
Nenhum manifestante chegou a óbito, como chegou a circular via boatos por WhatsApp sobre uma (ou três) morte(s) de estudante(s) da UFRJ. Toda a delegação da UFRJ retornou ao Rio de Janeiro em segurança e contatos foram feitos com hospitais e com o Instituto Médico Legal (IML) para saber da entrada de uma suposta vítima da manifestação, sem nenhum registro localizado. Essa informação sobre a(s) morte(s) de manifestante(s) não é verdadeira.
Convocação
A Marcha de 29/11 em Brasília-DF foi organizada por entidades classistas, estudantis, movimentos sociais e populares. O SINASEFE NACIONAL, por meio da Direção Nacional (DN) e do Comando Nacional de Greve (CNG), foi uma das entidades que convocou e organizou a atividade – que será avaliada pelas bases em nossa 146ª PLENA.

Votação no Senado
Enquanto a Marcha era duramente reprimida pela PM, os senadores da república não tiveram pudores para respeitar o povo agredido em sua frente ou o luto nacional pelo acidente aéreo que vitimou quase toda a delegação da Chapecoense e vários profissionais de imprensa: Renan Calheiros impôs a votação “na tora” e – sob aplausos de Temer, dos reacionários e da burguesia – aprovou em primeiro turno a PEC da Morte dos serviços públicos.
O placar da votação mostrou (embora nós já soubéssemos!) a quem serve o nosso Senado: foram 61 votos favoráveis versus 14 contrários. Eram necessários 49 votos para aprovação da matéria.

Luta continua
Agora é seguir a luta e rearticular as forças para o próximo round do enfrentamento à PEC 55/2016.
A Proposta de Emenda ainda precisa ser apreciada em uma nova votação pelos senadores para, se aprovada, seguir para sancionamento da Presidência.
Nossa 146ª Plenária Nacional, que acontece hoje (30/11) e amanhã (01/12), em Brasília-DF, definirá os passos das bases do SINASEFE.
O calendário inicial prevê que a votação de segundo turno no Senado aconteça no dia 13 de dezembro, mas há rumores sobre a possibilidade de se antecipar essa data. Estejamos vigilantes!

Fotos
Confira aqui o álbum de fotos da Marcha disponível em nosso site, com 74 imagens da atividade.
Cobertura ao vivo

Confira abaixo as peças da cobertura ao vivo da manifestação que foram publicadas em nossas redes sociais:

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