Postagem atualizada em 25/07/2018 às 20h27
Celebra-se nesta quarta-feira, 25 de julho, o Dia Internacional da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha. Desde 2014, a mesma data também homenageia, nacionalmente, Tereza de Benguela (líder quilombola morta em 1770) e as mulheres negras. O SINASEFE reforça a importância da luta das mulheres negras, denunciando a desigualdade enfrentada por esta parcela de brasileiras (aproximadamente ¼ da população nacional).
Histórico
A data foi estabelecida durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, realizado em 1992, em Santo Domingo (República Dominicana). Situadas no cruzamento de vários eixos de poder e desigualdade (gênero, raça, classe e origem) as mulheres negras precisaram se organizar a parte e provocar reflexões críticas tanto no movimento negro quanto no movimento feminista, pois nem um dos dois contemplava suas demandas específicas.
“As razões que levaram, há mais de 20 anos, mulheres negras de toda parte da América Latina e do Caribe a se articularem continuam, infelizmente, bastante atuais. Enfrentar simultaneamente o racismo, o sexismo, o classismo, a lgbtfobia e a xenofobia foi a estratégia encontrada pelo movimento das mulheres afro-latinas e caribenhas para dar visibilidade a si próprias, suas necessidades, suas lutas e suas conquistas”, destaca material da Fundação Cultural Palmares.
Heroína brasileira
Tereza de Banguela ficou conhecida como “Rainha Tereza”, viveu na década de XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados. O lugar abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 índios. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770 – alguns dizem que a causa foi suicídio; outros, execução ou doença.
“Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Ali, era cultivado o algodão, que servia posteriormente para a produção de tecidos. Havia também plantações de milho, feijão, mandioca, banana, entre outros” explica o portal Gelédes.
Estatísticas e desigualdade
Entre as mulheres, que representam mais da metade da população brasileira (51,5%), as negras são metade deste contingente feminino, ou seja, representavam em 2011, (PNAD/IBGE) 50,2 milhões de brasileiras. Materiais como o Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil (2013), e o Mapa da Violência 2015: homicídios de mulheres no Brasil, mostram que a vulnerabilidade social enfrentada pelas mulheres negras, infelizmente, ainda é crescente no país.
Resistência
“Destacamos que no Brasil vem ocorrendo uma forte polarização social. As mulheres negras tem sido vanguarda em muitas lutas. As recentes greves na educação ocorridas em São Paulo e Minas Gerais, onde as mulheres negras são maioria na carreira, a retomada de território no campo e por moradia nos centros urbanos, as ocupações de escolas para garantir o ensino público, gratuito e de qualidade, a forte indignação e manifestação nas ruas que tomou conta do país, após a execução de Marielle Franco, o apoio popular à greve dos caminhoneiros são provas de que há disposição para a luta contra a superexploração, a violência e mortes. É preciso dar um basta em tudo isso.” reforça o material da CSP-Conlutas sobre esta data.
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*Com informações da CSP-Conlutas, Fundação Cultural Palmares, Revista Fórum, Portal Gelédes e Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres.