Combate às opressõesNotícias

29 de janeiro: Dia Nacional da Visibilidade Trans

Data marca a importância do respeito à identidade de gênero

Neste sábado (29/01) celebramos no Brasil o Dia Nacional da Visibilidade Trans. A data foi escolhida porque há 18 anos atrás, no dia 29 de janeiro de 2004, foi organizado, em Brasília, um ato nacional para o lançamento da campanha “Travesti e Respeito”. O ato foi um marco na história do movimento contra a transfobia e na luta por direitos das pessoas trans.

Esta data tem como objetivo de ressaltar a importância da diversidade sexual e de gênero e a urgente necessidade de respeito ao movimentos trans, que envolvem pessoas travestis, transexuais e transgêneros.

Desde a ida ao Congresso em 29 de janeiro de 2004 até hoje, vitórias foram alcançadas. É o caso do decreto presidencial, publicado em abril de 2016, que autorizou o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal. Porém, o Brasil segue como campeão de violência contra travestis e transexuais.

De acordo com um relatório divulgado nesta sexta-feira, 27, pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), o Brasil foi o país em que mais se matou pessoas trans no mundo em 2021. Pelo menos 140 pessoas trans foram assassinadas em território nacionalm só em 2021, sendo 135 travestis e mulheres transsexuais e cinco homens trans e pessoas transmasculinas, segundo o dossiê “Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2021”.

A cada 10 assassinatos de pessoas trans no mundo, quatro ocorreram no Brasil. […] O projeto de pesquisa Trans Murder Monitoring (TMM) monitora, coleta e analisa sistematicamente os relatórios de homicídios de pessoas trans e com diversidade de gênero em todo o mundo. Desde o início do levantamento, o Brasil tem sido o país que mais reporta assassinatos de pessoas trans no mundo. Do total de 4.042 assassinatos catalogados pela TGEU, 1.549 foram no Brasil. Ou seja, sozinho, o país acumula 38,2% de todas as mortes de pessoas trans do mundo”, diz o relatório.

Diante desse cenário devastador contra uma população invisibilizada e em condição de vulnerabilidade, o SINASEFE NACIONAL reafirma seu posicionamento em apoio às lutas contra toda forma de preconceito e opressão. A luta contra a transfobia faz parte desse enfrentamento.

Como combater a transfobia?

Entre outras alternativas, o combate à transfobia pode ser possível por meio de medidas educativas. Listamos algumas práticas que podem minimizar os impactos desse problema:

Busque informações sobre o tema

O avanço tecnológico e o desenvolvimento de novas formas de comunicação facilitam bastante a divulgação de informações. Logo, é de fundamental importância aproveitar esses recursos para entender melhor as causas desse preconceito para não reproduzi-lo.

Evite ser invasivo

Ao interagir com indivíduos transgêneros, assuma uma postura respeitosa e evite questionamentos que gerem constrangimentos. Aprender a respeitar as diferenças é um importante passo para entender o que é transfobia e combatê-la.

Eduque as crianças

O poder transformador da educação pode mover barreiras, até mesmo as que sustentam o preconceito. Por isso, ensinar crianças sobre a importância da diversidade é fundamental para a construção de uma sociedade mais ética, respeitosa e harmônica.

Como abordar pessoas trans?

Muitas pessoas sentem “nervosismo” ao falar com uma pessoa trans com medo de acabar dizendo alguma besteira. Vejamos algumas dicas:

1- Não pergunte o nome de registro. Se a pessoa se apresenta, por exemplo, como Mariana, é como Mariana que deve ser tratada;

2- Não pergunte se a pessoa fez a “cirurgia de mudança de sexo”.  Você fazendo isso está perguntando qual é órgão genital da pessoa, o que certamente a deixará desconfortável. E ninguém muda o sexo, apenas readequada o corpo à mente. A cirurgia se chama transgenitalização ou redesignação sexual.

3- Não puxe nem toque o cabelo de uma pessoa trans perguntando se é natural. Muitas trans usam apliques, perucas, e você puxando, pode vir tudo abaixo e constrangendo a pessoa em público.

4- “Nossa você parece uma mulher de verdade”. Isso não é um elogio afinal qual é o padrão para ser uma mulher de verdade?

5- Você é assim, 24 horas vestida de mulher?  Existe uma grande diferença entre transexuais e travestis, e drag queens. Travestis e transexuais vivem a sua vida como pessoas da sociedade o dia todo. Diferente de Drag queen que se veste para uma apresentação, ou seja interpreta uma personagem.

6- Homens trans são homens. Muitos utilizam o chamado “binder” para socialmente não apresentar o formato dos seios. Então é muito indelicado você perguntar se ele está com alguma faixa por baixo da camisa, ou de alguma forma tentar apertar. Homens trans realizam a retirada das mamas, a mastectomia, e alguns podem ficar com cicatrizes. Não pergunte a eles o porquê das cicatrizes.

7- Transexuais e travestis, não necessariamente, são heterossexuais. Transexualidade e orientação sexual são coisas diferentes.

8- Não peça fotos antes da transição, a menos que ela ou ele se sintam confortáveis para mostrar.

9- Não pergunte quais são as preferências sexuais da pessoa. Dependendo do contexto, a insistência pode ser considerada assédio sexual.

10- Quando uma pessoa trans e travesti está te olhando, não precisa ficar com medo ou tentar agir agressivamente com essa pessoa. Não é porque está te encarando que está a fim de você, do seu ou sua crush. As pessoas trans são pessoas normais, também flertam, também fazemos amigos, também querem viver em sociedade e equidade.

Por incrível que pareça para algumas pessoas que essas perguntas são sem sentido, mas para quem é trans, é comum conviver diariamente com elas. Mas agora você leu essa matéria e provavelmente vai indicar para seus amigos e familiares para não cometer gafes. Vamos lutar por uma sociedade com mais amor, carinho e respeito mútuo. Que tenhamos união, afinal 2022 será de muita luta!