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Adia Enem: aplicar prova na pandemia é aumentar o genocídio e a desigualdade!

Postagem atualizada em 14/01/2021 às 18h01

Ignorando os riscos que a pandemia da COVID-19 representa, o Ministério da Educação (MEC) insiste na manutenção das datas previstas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Além disso, o ministro bolsonarista Milton Ribeiro desrespeita estudantes que se opõem à desastrosa decisão dizendo que representam “uma minoria barulhenta”.

O impacto da calamidade pública causada pela pandemia, em contraponto ao negacionismo do governo e de parte da sociedade, é tão absurdo que mesmo com a morte por COVID-19 de Carlos Roberto Pinto de Souza, general da reserva responsável pela área dentro do Inep que coordena a elaboração do Enem, o MEC mantém a prova para os dias 17 e 24 de janeiro de 2021, o que chega a ser escandaloso.

O adiamento do Enem repercutiria sobretudo em dois pontos cruciais:

  1. a redução do contágio e da disseminação da COVID-19 entre os estudantes, seus familiares e terceiros;
  2. e possibilitaria melhores condições para aqueles que sofrem com as desigualdades sociais – que se tornaram ainda mais abissais durante a pandemia.

Em matéria da BBC News Brasil, foi veiculada a avaliação do professor emérito da UFMG e cocriador do Indicador de Desigualdades Educacionais e Aprendizagens (IDeA), José Francisco Soares, que acredita que essas novas camadas de desigualdade farão com que alunos com melhores condições de estudar – por exemplo, os que tiveram segurança alimentar, acesso à internet e às aulas – ou que já tivessem concluído o ensino médio terão mais chance de conseguir vagas em universidades via Enem. Isso em detrimento de alunos mais vulneráveis, que ficarão mais distantes do ensino superior e, como consequência, com menos chance de renda maior e de oportunidades melhores de empregos no futuro.

Os mais prejudicadas tendem a ser os alunos de ensino médio que não conseguiram acompanhar as aulas, afirma Soares, especialista em mensuração de desigualdade de ensino que, entre 2014 e 2016, foi presidente do Inep.

O SINASEFE NACIONAL mantém como posição a defesa do adiamento do Enem até que haja imunização (vacinação) de todos (para que haja segurança sanitária no país) e até que os anos letivos de 2020 sejam concluídos por todos (para que nenhum estudante seja prejudicado e faça uma prova com conteúdo que ainda não viu em aula).

*com informações do Sinasefe IFBA.