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Golpe de Estado na Bolívia

Postagem atualizada em 11/11/2019 às 16h12

Ontem (10/11) assistimos a um dos dias mais sombrios da história recente da América Latina. Após semanas de desestabilização institucional, burguesia, latifundiários, extremistas religiosos e Forças Armadas (FFAA) da Bolívia golpearam a democracia do país e tiraram Evo Morales (presidente) e García Linera (vice-presidente) do poder, num Golpe de Estado de viés ultra-reacionário e racista – como está comprovado com os ataques em andamento às sedes das organizações indígenas e com a violência contra ativistas que defendem a soberania boliviana, que, pelo voto, deu o quarto mandato presidencial a Morales.

Horas antes do golpe, Evo Morales aceitou a recomendação da Organização dos Estados Americanos (OEA) e anunciou a realização de novas eleições gerais, dando sinais de que estava disposto a encontrar uma solução pacífica e democrática à crise política. Mesmo assim, as oligarquias sediadas na “Media Luna”, região que reúne os departamentos com população predominantemente não-indígena, não se contentaram com o anúncio do Presidente e aceleraram o golpe, com um motim de policiais e uma “sugestão de renúncia” feita em rede televisiva nacional pelo chefe das FFAA.

Estão perseguindo indígenas, lideranças populares e jornalistas nas ruas, assim como também ateando fogo em suas casas. O golpe em curso na Bolívia tem caráter militar, fundamentalista religioso e racista. A última declaração de Evo Morales foi para evitar o banho de sangue que ocorre no momento: “mi pedido al pueblo boliviano es garantizar la convivencia pacífica y acabar con la violencia para el bien de todas y todos; no podemos estar enfrentados entre hermanos bolivianos.”

Esta ruptura da ordem democrática no país ocorre num cenário de acelerada instabilidade política no continente latino-americano. Vimos mobilizações populares massivas contra o neoliberalismo no Equador e no Chile (onde o governo Piñera já acena com uma nova constituinte). Assistimos as derrotas de projetos neoliberais na Argentina, com Maurício Macri, e na Colômbia, com Iván Duque. Não é um movimento espontâneo – mas sim arquitetado! – que a extrema-direita boliviana tenha insuflado um golpe, que segundo o jornal El Periodico teve contribuição de agentes do governo Bolsonaro.

Abaixo o golpe reacionário e racista na Bolívia!
Todo apoio à resistência do povo boliviano!

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