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Internacional: SINASEFE integra executiva da CEA

Postagem atualizada em 08/09/2022 às 16h18

A terceira reunião da Direção Nacional, realizada em março passado, deliberou diversos itens relacionados à Confederação de Educadores Americanos (CEA). A indicação de representante do sindicato nacional na executiva da confederação foi uma deles. Confira, a seguir, entrevista com a diretora Elenira Vilela, Coordenadora de Políticas Educacionais e Culturais, e representante do SINASEFE na Confederação.

O SINASEFE vem, há algum tempo, se reaproximando da CEA. Você pode detalhar este processo, em especial no atual contexto de avanço da ultradireita?

O que vivemos atualmente é um aprofundamento da exploração e ataques à democracia e, por consequência, à educação em todo o mundo. Nesse processo é fácil perceber que retirada de direitos: avanços sobre as garantias como acesso à educação e liberdade de expressão vão sendo relativizados ou retirados. Em um contexto como esse é ainda mais necessário articular a luta de trabalhadores e trabalhadoras internacionalmente e a CEA é o instrumento do SINASEFE para essa atuação. Depois de um período em que algumas gestões do SINASEFE optaram por se afastar da CEA, felizmente há uma mudança nessa compreensão e nosso sindicato volta a acompanhar e participar dos fóruns, atuações e deliberações dessa importante entidade. Acompanhamos, por meio da Confederação, grandes mobilizações de educadores que ocorreram recentemente. Em Honduras, por exemplo, mobilizações contra o pacote de privatização da educação de lá que guardam diversas similaridades com os ataques que sofremos aqui. Observamos também que o atual governo brasileiro aponta para reproduzir o modelo privatista que vem sendo derrotado no Chile, onde a luta pela volta da gratuidade da educação superior que obteve grandes avanços em 2018, modelo que passados 30 anos provou sua ineficiência e prejuízo ao desenvolvimento daquele país.

No último ano o sindicato divulgou uma atividade realizada pela CEA, inclusive estimulando que as seções sindicais indicassem aos filiados a participação neste espaço. Como você percebe a participação do sindicato nos fóruns da CEA?

Infelizmente a DN, naquele momento, ainda não tinha a compreensão da importância de estar em Havana na Reunião ordinária da CEA, que ocorreu inserida na programação do “Pedagogía 2019 – Encontro dos Educadores Americanos”. Assim, não houve representação oficial do sindicato, mas, ao menos, a DN divulgou o encontro e alguns sindicalizados conseguiram (às próprias expensas e sem o caráter representativo) estar lá e acompanhar os debates. É fundamental que o SINASEFE atue de maneira mais consistente e possa realmente estar representado neste e em outros fóruns da CEA, para fortalecer os vínculos internacionais. Essa participação viabiliza a apropriação das lições que os processos de mercadorização da educação vem impondo em todo continente e no mundo, de maneira que possa se solidarizar com vizinhos. A forma de reprodução do capital neste atual estágio é incompatível com a educação como direito. Logo, poderemos utilizar o conhecimento de experiências de outros países para nos preparar, enfrentar a perda de direitos e compreender que a luta na defesa de uma educação pública, universal, laica, gratuita, democrática e de qualidade é, ao fim e ao cabo, uma luta anticapitalista.

Em março passado, a DN deliberou diversos itens relacionados à CEA, por exemplo a participação na executiva da Confederação. Como foi escolhida para representar o sindicato, você pode comentar essa e as demais medidas?

Nessa compreensão mais atual da importância da CEA fui indicada para compor a direção da CEA e de aumentar a divulgação de suas deliberações, participar dos processos que esta vem desenvolvendo. Essa deliberação é quase simbólica, visto que o mandato da atual direção termina já no final de 2019. Alteramos o aceno anterior que parecia indicar uma tendência de afastamento do SINASEFE da CEA, para uma demonstração de compromisso com a construção da luta internacional em defesa da educação como direito e dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras da educação. O encontro que elegerá a nova direção da CEA será em Buenos Aires em novembro de 2019 e é fundamental que o SINASEFE jogue peso na participação. Inclusive porque há uma articulação para que sejam unidas a CEA e a Confederação Ibérica de Educadores, aumentando a importância e a capacidade de atuação dessa entidade.

Como você percebe a situação de ataques à educação no Brasil, levando em conta o contexto internacional?

O Programa “Future-se” proposto pelo atual governo, que altera completamente os fundamentos e as bases de funcionamento da educação federal (profissional, tecnológica e superior), é baseado fortemente na Reforma Chilena que ocorreu durante a sanguinária ditadura militar comandada pelo General Augusto Pinochet. Esse fato, além de muitos outros, como propostas de retirada de direitos, cobranças de mensalidades, diversas formas de privatização, mercadorização e financeirização, que vêm sendo implementados em toda a América Latina e no mundo exigem que estejamos inteirados, solidários e articulados. Por outro lado, as vitórias da luta chilena e as perspectivas abertas a partir dos resultados das primárias na Argentina também são importantes para melhorar o ânimo de luta em nosso país, em meio a tantas derrotas e ataques ultraliberais.

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