Postagem atualizada em 11/07/2020 às 12h16
O vento que vem dos Andes pode ascender o espírito de mobilização e unidade de ação dos trabalhadores no Brasil!
No período recente, observamos uma mudança qualitativa na conjuntura da luta de classes no continente sul-americano, com uma explosão de situações empolgantes em alguns países vizinhos. Até poucos meses atrás, o panorama político da América Latina era desfavorável. No Brasil, um líder neofascista de extrema-direita assumiu a Presidência da República pelo voto direto, declarando-se nitidamente como subserviente ao imperialismo estadunidense e canalizando todo sentimento reacionário de ódio de classe. A direita neoliberal e o programa da austeridade estavam representados em países como Chile, Colômbia, Argentina, Peru e Paraguai. Os EUA de Donald Trump, representante de um campo mais reacionário do neoliberalismo, orquestravam a sinfonia e davam suporte ao golpe na Venezuela. No Equador, o Presidente aproximava-se da direita. E as projeções não eram animadoras: a maioria da imprensa e dos cientistas políticos previam vitória eleitoral da direita na Bolívia e no Uruguai.
Mas os ventos parecem ter soprado à esquerda. Na Argentina, após intensas mobilizações populares contra os ajustes neoliberais – notadamente a luta das mulheres! – impôs-se uma crise histórica na direita daquele país, com o povo derrotando Macri nas urnas. A recente vitória eleitoral de Alberto Fernandéz (representante do peronismo), bem como a renovação de metade da Câmara dos Deputados e do Senado argentinos, expressa uma derrota do neoliberalismo na região. Na Venezuela, a tentativa de golpe de Juan Guaidó com apoio dos governos de direita no continente, da burguesia local e do imperialismo, foi fracassada. O levante indígena e popular no Equador contra as medidas econômicas do governo de Lenín Moreno e do FMI sacudiram o continente, mesmo diante de brutal repressão das forças armadas. O governo equatoriano recuou diante do furacão de mobilizações populares, retirando o aumento nos combustíveis. Nessa esteira, no Chile, a juventude saiu às ruas de Santiago contra o aumento da tarifa de transportes, trazendo para a luta trabalhadores e setores empobrecidos daquele país. Mais de um milhão tomaram as ruas da capital chilena em uma espetacular mobilização de protestos de massas, a maior manifestação das últimas quatro décadas. Mesmo com a repressão brutal de Sebastian Piñera, a radicalidade popular não tremeu a mão. Uma situação revolucionária explodiu diante da ofensiva governista, com ocupações de cidades pelo Exército e toques de recolher. Os trabalhadores pararam o país promovendo uma estrondosa Greve Geral. A luta é pela derrubada do governo, o fim do neoliberalismo e da herança autoritária da ditadura de Pinochet. De tal modo, os levantes populares no Chile e no Equador, bem como a derrota de Macri na Argentina, nos inspiram.
As revoltas sociais em diversos países do continente são respostas organizadas dos trabalhadores diante do desmonte neoliberal e da espoliação nas condições de vida dos setores mais pobres. A saída é construir unidade de luta em cada um dos países, em ampla solidariedade de classe internacional, superando qualquer proposta de conciliação com esses governos ou com as classes dominantes. Quem sabe, diante da recente crise que parece ter aberto uma nova conjuntura nacional e instaurado nova qualidade na crise do Governo Federal brasileiro, essa situação possa nos contagiar, no sentido de colocarmos todos os nossos instrumentos de luta em prol da mobilização nas ruas, com a tarefa de derrubar o governo Bolsonaro e o projeto privatista da direita liberal e reacionária.
Que a onda que vem dos Andes e de diversas partes de Nuestro Continente possa nos animar contra o governo liderado por Bolsonaro. Motivos não nos faltam. Está na hora de nossa classe entrar em cena. O SINASEFE será parte ativa nessa construção, a partir da luta do funcionalismo público e da resistência da Educação Pública Federal, buscando frentes amplas e construindo espaços de unidade de ação com o conjunto organizado da esquerda e da classe trabalhadora no país.
É preciso lutar, é possível vencer!
Direção Nacional do SINASEFE