Postagem atualizada em 09/08/2021 às 20h32
Na última sexta-feira (06/08), o metalúrgico Luiz Carlos da Silva, um homem negro de 56 anos, teve que tirar parte de sua roupa em público, dentro de um supermercado da rede Assaí Atacadista, em Limeira-SP, para provar que não cometeu nenhum furto no estabelecimento.
Luiz Carlos registrou um Boletim de Ocorrência por constrangimento na Polícia Civil. O caso evidencia a forte presença do racismo estrutural na sociedade brasileira. Em face do ocorrido, a Coordenação de Combate às Opressões do SINASEFE produziu uma Nota Oficial. Confira o texto abaixo em sua integralidade:
Nota da Coordenação de Combate às Opressões do SINASEFE
Como prática, os escravocratas deixam seus sequestrados nus, a exibir o corpo para a venda de seres humanos desumanizados no período da escravidão perversa do Brasil.
Hoje, dia 9 de agosto, tomamos conhecimento da notícia de que um homem negro de 56 anos, o trabalhador Luiz Carlos da Silva, foi humilhado em um supermercado na cidade de Limeira-SP, acusado injustamente de furto.
Os seguranças do Assaí Atacadista interpelaram Luiz Carlos, acusando-o do crime de furto. Para provar sua inocência, ele teve que se desnudar perante testemunhas para não ser conduzido aos “fundos da loja”, onde “tudo pode acontecer”.
O racismo estrutural deu novamente suas caras, dessa vez na cidade de Limeira-SP. E ele continua a acontecer por toda parte do Brasil.
Homens e mulheres, negros e negras, são julgados, preteridos, desnudados por conta da cor da pele.
Certamente que se o homem pertencesse a outro grupo étnico, a situação desenrolada seria diferente.
As práticas racistas do século passado seguem vivas no consciente social coletivo daqueles que nos param, nos revistam, nos humilham e nos matam.
Essa estrutura racial está tão presente na sociedade que os seguranças se quer se deram conta do crime cometido.
Até quando negros e negras serão alvos preferenciais de desconfiança e “insegurança”?
Os casos se repetem cotidianamente no Brasil e nós não podemos calar. Racismo é crime. Que as providências judiciais sejam acionadas.
Sônia Regina Adão
Secretária-Adjunta da Coordenação de Combate às Opressões do SINASEFE