Postagem atualizada em 11/07/2020 às 12h16
O Fórum Sindical, Popular e da Juventude de Lutas Por Direitos & Liberdades Democráticas realizou nos dias 14 e 15 de dezembro o Seminário Nacional “Lutar unificados para avançar na reorganização e enfrentar o neoliberalismo”. O evento aconteceu no Centro de Formação do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), na capital paulista.
Com o objetivo de pautar temas importantes da luta de classes, a programação do Seminário contou com mesas que debateram a conjuntura brasileira, os desafios para as entidades e organizações classistas, o mundo do trabalho e a organização da classe trabalhadora no país. Ao final, foi aprovada por aclamação uma carta unificada e um calendário de lutas para 2020, com destaque para a Greve Nacional em Defesa da Educação e Contra as Privatizações marcada para o dia 18 de março.
Outro tema destacado no evento foi a necessidade da realização do Encontro Nacional da Classe Trabalhadora. Foi consensual que as centrais sindicais e os movimentos sociais de expressão no país precisam construir, de modo unitário, um grande encontro dos explorados e oprimidos, organizando, para isso, o conjunto dos ativistas das mais diversas lutas — sindicais, mulheres, negros e negras, LGBTS, sem terra, sem-teto, indígenas, quilombolas, entre outros setores.
“Derrotar o governo Bolsonaro e Mourão nas ruas, reverter as contrarreformas e lutar por emprego, reforma agrária, saúde, educação, cultura, segurança e moradia para a classe trabalhadora. Inspirados nas lutas da classe trabalhadora internacional, é necessário ousar lutar e ousar vencer”, conclama o trecho conclusivo do texto aprovado (confira ao final da matéria).
A articulação nacional de entidades e movimentos sociais foi iniciada em fevereiro desse ano, com ampla participação do SINASEFE, bem como muitos ativistas sindicalizados fizeram parte das iniciativas de construção do Fórum nos estados.
Neste Seminário Nacional, a delegação do Sinasefe contou com a participação de 16 seções sindicais, representando 13 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.
Michel Torres, coordenador de comunicação do SINASEFE, avaliou como positivo o engajamento da entidade e destacou os desafios impostos para o próximo período: “Nossa tarefa imediata, além de resistir em unidade, é avançar na luta e construir alternativas que não alimentem ilusões aos projetos de conciliação de classes e de combate a ofensiva reacionária de retirada de direitos. O Fórum apontou para a necessidade de ampliar as mobilizações e construir um amplo calendário de atividades, capaz de impulsionar atos, paralisações, greves e manifestações para um 2020 de intensas lutas. Foi um Seminário muito vitorioso!”, afirmou. Frente única para lutar: É preciso derrotar Bolsonaro nas ruas!
Os trabalhadores e estudantes dos Institutos Federais foram protagonistas das maiores mobilizações de 2019 . O anúncio dos cortes de verbas provocou o “tsunami da educação” nos dias 15 e 30 de março, mostrando que existe disposição para defender o ensino público de qualidade. No entanto, não conseguimos avançar com uma agenda unificada de todos e todas que fazem a luta de resistência ao governo de extrema-direita de Bolsonaro. As lutas têm sido insuficientes e fragmentadas.
O Seminário apontou que o Brasil não resistirá ao mandato de Bolsonaro, à destruição dos direitos sociais e democráticos, às privatizações, ao desmonte do Estado, caso persista a fragmentação da esquerda. É papel das direções dos partidos da classe trabalhadora, das centrais sindicais e demais movimentos sociais colocar como prioridade a construção da Frente Única para lutar, com um calendário unitário e um plano de lutas para derrotar Bolsonaro nas ruas.
O coordenador geral David Lobão, representando o SINASEFE na mesa de encerramento da atividade, foi enfático ao destacar que a entidade tem sido reconhecida como um sindicato “campeão da unidade” e reafirmou o compromisso congressual do sindicato em fortalecer iniciativas que permitam dialogar e organizar as mobilizações e lutas: “A unidade da classe trabalhadora é uma necessidade inadiável para resistirmos e derrotarmos Bolsonaro nas ruas”, conclamou.
Carta do Seminário do Fórum Sindical, Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas
As classes dominantes vêm realizando uma brutal ofensiva contra os trabalhadores, a juventude, em especial a classe trabalhadora das periferias, mediante um conjunto de políticas neoliberais, que vêm avançando com o objetivo de rebaixar o salários e cortar direitos e garantias de nossa classe, como representou a contrarreforma trabalhista e previdenciária. Essas políticas, resultado da crise estrutural e internacional do capitalismo, se intensificam com o governo Bolsonaro, atingindo amplos segmentos da classe trabalhadora via fundamentalismo religioso e fakenews. Tudo isso agravado por uma política de invisibilidade e ofensiva conservadora contra amplos segmentos da população como negros e negras, mulheres, LGBT, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e moradores das periferias brasileiras.
Vale constatar a intensificação de retrocessos e obscurantismo com a ascensão do governo de extrema-direita com elementos neofascistas, tanto no governo federal como em alguns estados e municípios, com retirada de direitos e ataques às liberdades democráticas, o que torna as tarefas para a classe trabalhadora ainda mais desafiantes. Ao mesmo tempo, o ano de 2019 segue marcado por importantes mobilizações da classe trabalhadora, com destaque para o 15M, 30 M, 14J e para as greves e mobilizações de vários setores nos estados e municípios. Houve dificuldades da classe trabalhadora em reagir aos ataques. Mesmo as respostas, com explosões de luta, foram insuficientes para arrancar vitórias. No entanto, há condições para serem construídas. O governo Bolsonaro e outros seguem implantando medidas que irão aumentar as contradições e insatisfações. Por isso, a luta popular nas ruas, locais de trabalho e moradia seguem sendo o nosso Horizonte a ser construído.
Essa conjuntura exige das entidades e organizações da classe a construção de estratégias para a ampliação da mobilização pela base. Bem como o avanço da consciência social de amplos segmentos dos trabalhadores, visando ao destravamento das lutas sindicais, populares e da juventude. Vale ressaltar que essas lutas têm sido contidas nos últimos tempos, entre outras coisas, por parte das direções políticas e sindicais e pela grande imprensa que buscam o apassivamento da população.
Assim, a tarefa de entidades, organizações e movimentos populares, sociais e estudantes, deve ser a de se empenhar ao máximo no processo de intensificação do trabalho de base, visando conquistar corações e mentes para a construção de um projeto de sociedade que não se pauta pelos princípios do capitalismo, combatendo os retrocessos impostos pela EC/95, a privatização, a apropriação privada do fundo público, a destruição ambiental, a alienação cultural e a desestruturação do trabalho. Julgamos ainda fundamental combater a discriminação contra as pessoas com deficiência, a LGBTfobia, o machismo, o racismo e todas as outras opressões que estruturam a sociedade e impedem a construção do poder da classe trabalhadora.
As entidades que estão construindo o Fórum Sindical Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas conclamam a todos os lutadores sociais e políticos em todos os estados do país para que possamos impulsionar, em ampla unidade de ação, com chamamento público às entidades, partidos, organizações políticas, movimentos e frentes da classe para a construção do Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, etapa fundamental para o processo de reorganização de nossa classe.
Por isso, nossa tarefa imediata, além de RESISTIR, é avançar na luta e construir alternativas que não alimentem ilusões aos projetos de conciliação de classe. É preciso ampliar as mobilizações e construir um amplo calendário de atividades, que seja capaz de impulsionar, atos, paralisações e greves e manifestações para um 2020 de intensas lutas. Para tanto, é fundamental a construção do Fórum Sindical, Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas em TODOS os estados do país, como forma de contribuir para a construção da frente única dos trabalhadores e seu processo de reorganização nesse novo ciclo.
Derrotar o governo Bolsonaro e Mourão nas ruas, reverter as contrarreformas e lutar por emprego, reforma agrária, saúde, educação, cultura, segurança e moradia para a classe trabalhadora.
Inspirados nas lutas da classe trabalhadora internacional, é necessário ousar lutar e ousar vencer!
São Paulo, 15 de dezembro de 2019
Fórum Sindical Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas
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*Esta reportagem do nosso site e a cobertura do Seminário Nacional do Fórum Sindical e Popular de Juventudes de Luta pelos Direitos e Liberdades Democráticas em nossas redes sociais foram feitas pela jornalista Gisele Peres.