Postagem atualizada em 13/07/2020 às 20h18
Em assembleia virtual realizada ontem (09/06), os servidores da base do Sindsifce-CE aprovaram repúdio e recusa ao ensino remoto e à retomada do calendário acadêmico com atividades online, apontando total falta de condições para professores, técnicos, estudantes e familiares em plena pandemia.
Os servidores também aprovaram a realização de uma ampla mobilização e possível construção de greve contra essas medidas previstas pela reitoria do Instituto Federal do Ceará (IFCE), além do ingresso de uma ação judicial contra o trabalho e o ensino remoto no Instituto, solicitando à Justiça a suspensão do calendário acadêmico, cujo retorno vem sendo imposto pela direção da instituição.
Para os servidores, a ação judicial é necessária diante da falta de diálogo com a reitoria e em face dos riscos de precarização da Educação com as aulas online, inacessíveis a muitos estudantes e realizadas em condições adversas também para os docentes.
Vários servidores destacaram na assembleia a realidade de total falta de condições para ensino remoto e retomada do calendário, com estudantes sem acesso à internet em vários municípios e distritos cearenses, sem computador e/ou celular adequado, sem local em condições para assistir as aulas em casa e até em situação de insegurança alimentar, dados os efeitos econômicos e sociais da pandemia da COVID-19.
Diversos professores e técnico-administrativos do IFCE também relataram, na assembleia, quadros como exaustão, excesso de relatórios e burocracia para provar semanalmente a realização das atividades, situação de precarização da Educação, imposição da produção de aulas em vídeo, incertezas e falta de diálogo nos campi e com a reitoria quanto à pretendida retomada do calendário acadêmico. A medida pode trazer graves prejuízos aos estudantes e servidores, com indefinições sobre como ficaria a situação dos estudantes que não conseguiriam ter acesso às aulas online.
Também foi destacado que poucos estudantes responderam a pesquisa do IFCE sobre reais condições para ter aulas a distância e que, dos que responderam, muitos não possuem essas condições. Uma pesquisa realizada pelo Sindsifce-CE com os professores e técnico-administrativos já contou com a participação de mais de 400 servidores, que apontam dificuldades no dia a dia de trabalho durante a pandemia e falta de condições para o processo pedagógico a distância com retomada do calendário acadêmico, como pretende a reitoria.
Outros pontos aprovados na assembleia
Os servidores também aprovaram solicitar todos os detalhes da pesquisa realizada pela gestão do IFCE. O objetivo é elaborar, juntamente com a pesquisa realizada pelo Sindsifce-CE e com outras desenvolvidas pelos diversos campi, um painel da real situação dos estudantes e dos empecilhos para o ensino remoto.
Os servidores intensificarão o diálogo com os estudantes do IFCE a respeito do tema, debatendo-o com as entidades estudantis, que também já se manifestaram contra o ensino remoto.
Outros encaminhamentos aprovados foram cobrar à reitoria e ao Comitê de Enfrentamento à COVID-19 no IFCE respeito à qualidade de vida e à saúde física e psicológica dos servidores, discentes e familiares, além de demandar à direção do Instituto democracia, participação e diálogo para a tomada de decisões, principalmente neste momento de pandemia.
A assembleia também debateu a perigosa e extremada conjuntura política brasileira, em que crises econômica, social, política, ética e sanitária se misturam, com graves consequências para a democracia. Os ataques aos servidores federais, que incluem o congelamento de salários até 2021, mesmo com a defasagem já existente pelos vários anos sem reajustes, também foram discutidos pelos trabalhadores.
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