Postagem atualizada em 03/10/2024 às 18h50

O SINASEFE registra, com profundo sentimento, sua despedida da sindicalizada e ex-diretora da Seção IFMG, Simone Fernandes de Melo. Mineira, nascida em 29 de novembro de 1979, Simone finalizou sua caminhada por aqui nesta quarta-feira, 2 de outubro de 2024. Na Rede Federal de Educação desde 2009, ela trabalhou como TAE no Campus Ouro Preto do IFMG.
Com sotaque peculiar, sorriso aberto, muita coragem e cheia de vida em abundância, Simone sempre inspirou as pessoas ao seu redor, tanto militando nas paralisações, nas greves e em dezenas de manifestações quanto participando de congressos, plenárias e demais atividades sindicais. “Sua atuação inspirou e motivou inúmeras trabalhadoras, e suas amizades e conquistas no sindicato permanecerão para além do tempo. Destacamos também uma bela entrevista conduzida por ela para o 1º Ciclo de Debates 8M do sindicato, com o tema: Convivendo com o câncer: um bate-papo entre duas pacientes oncológicas. Para assistir ao vídeo, clique aqui.“ ressaltou o Sinasefe IFMG em sua homenagem.
Paciente oncológica em cuidados paliativos há mais de quatro anos, Simone pautava também os tabus e desafios desta condição. Dentre os diversos ensinamentos que Simone nos deixa, está a mudança das atitudes e das palavras ao tratar do câncer. “Estamos tentando tirar os termos bélicos do câncer: lutava contra, guerreira, vencedora, enfrentava. Ninguém diz que João enfrentava uma pressão alta, por exemplo”, explicava Simone.
Hoje as palavras estão incompetentes e insuficientes para expressar os sentimentos da equipe de comunicação do SINASEFE diante da partida de uma amiga querida e inesquecível. Por isso, pedimos licença para Simone e para sua família para divulgar um trecho do texto que ela mesma escreveu para ser publicado em sua rede social na ocasião de sua “formatura de vida”.
A Vida: a vida é uma grande escola de aprendizados e transformações. Deve ser vivida com plenitude. As pessoas costumam desejar umas às outras “muitos anos de vida!” Mas qual a importância disso se nem todas vivem bem até a terceira idade? Se algumas já se sentem mortas desde a mais tenra idade, desistindo de si mesmas, de seus sonhos, seus amores e projetos? Se outras seguem felizes, realizadas, mas se deparam com comorbidades no meio do caminho, que não as permitem viver com qualidade por muito tempo? O “muitos anos de vida” pode até ser danoso para quem sofre e, por isso, sabiamente Jesus – não sigo religiões, mas sou amo Ele, tão mal interpretado pelos cristãos…. disse, em uma passagem, que veio ao mundo para que tenhamos vida e vida em abundância. Ele não falou em anos, mas em abundância. Podemos viver em abundância por 10 anos, 20 anos, 30 anos…como também podemos viver mortos por 100 anos. O tempo não é importante, e sim a maneira como passamos a nossa existência, seja ela curto ou longa. Assim, não sintam pena daquelas que viveram intensamente e se despediram jovens, a morte não é um castigo, mas a vida pode ser, quando as possibilidades de vive-la em abundância são exauridas.
A morte: Se a vida é uma escola, a morte é a formatura. Quem nunca sentiu uma ansiedade quanto ao futuro quando vai chegando o momento da sua colação de grau? O desconhecido é assustador, mas, isso justificaria nunca mais deixarmos as cadeiras escolares? Deveríamos ficar presos para sempre a uma universidade, mesmo após cumpridas todas as disciplinas e trabalhos, simplesmente porque não sabemos para onde iremos depois de formados? Quando o aprendizado acaba, precisamos seguir para o desconhecido. Assim é a morte, a nossa colação de grau na Terra, quando todos os planos foram cumpridos e temos que seguir em frente.
O câncer: Para mim foi uma época de reflexões, amadurecimento, ressignificação da vida e de mim mesma. Aprendi muito com ele e tomei importantes decisões. Detesto fazer texto que parece que estou romantizando o câncer de mama, pois sei que muitas mulheres sofrem, mas para mim foi assim: um casulo dentro do qual me transformei na mais linda borboleta! No mais, sigo meu caminho. Deixo como última mensagem a importância da consciência limpa. Nunca fui e nem sou uma pessoa perfeita, mas passei bravamente por muitas provações, venci todas elas, algumas sozinha, outras com apoio de pessoas muito especiais. Sigo feliz, com sensação de missão cumprida e isso é o que mais me trás paz nesse momento. Estou feliz e em paz! Agradeço à Deusa mãe, ao meu anjo da guarda – que vai tirar férias prêmio – a todes amigues, enfim, a todes que participaram direta e indiretamente dessa minha existência, minha eterna gratidão!
Registramos aqui nossa eterna gratidão, querida amiga, e nosso abraço solidário aos seus(suas) familiares, amigas(os) e colegas de trabalho.
Simone Fernandes de Melo, presente!
Simone Fernandes de Melo, presente!
Simone Fernandes de Melo, presente!
Hoje e sempre!
Veja também a homenagem da Seção IFMG: