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SINASEFE se manifesta após uso de bandeira nazista em Colégio Militar do Rio

Postagem atualizada em 07/07/2022 às 16h37

O hasteamento de uma bandeira nazista no Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ), levou o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) a emitir, nesta quarta-feira (6), nota de repúdio contra a atividade, alertando que os professores civis da instituição não foram consultados antes da realização.

O episódio ocorreu na última sexta-feira (01/07), em atividade para homenagear a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Durante o evento, que ocorreu no pátio do colégio, pessoas com uniformes militares reproduziram a tradicional saudação nazista. Alunos que passavam pelo local gravaram a manifestação e denunciaram o fato aos professores civis.

Na nota, os trabalhadores da seção sindical do colégio questionaram a necessidade do uso de um símbolo controverso para homenagear a FEB, quando outras abordagens poderiam ter sido utilizadas. “Certamente, poderiam ter sugerido estratégias menos controversas e com melhor potencial educativo”, diz a nota.

O sindicato destacou que a atividade provocou “espanto”, especialmente porque a instituição se opõe ao trabalho de temas como igualdade de gênero, cultura e educação sexual, com a justificativa de que pautas políticas não devem ser abordadas no colégio, por destoarem do projeto pedagógico ou dos valores da instituição. O SINASEFE pediu, ainda, que o colégio reconheça o erro e se retrate publicamente.

A coordenadora geral do SINASEFE, Elenira Vilela, reforçou que o sindicato defende, sim, o debate sobre o nazismo nas escolas, mas que seja feita uma abordagem de maneira adequada, pedagógica e com a orientação de professores de história, para que haja uma conscientização sobre os horrores do período histórico. Elenira lembrou que a divulgação de símbolos nazistas é considerada crime no Brasil. A Lei nº 7.716/1989, estabelece que fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo, acarreta pena de dois a cinco anos de reclusão e multa.

A reportagem tentou entrar em contato com o comando do colégio, mas não obteve retorno até o momento da publicação desta matéria. Em nota ao jornal O Globo, o Exército argumentou que “não houve qualquer apologia à ideologia” e que “o sentido da encenação foi justamente o contrário – reverenciar a memória de brasileiros que lutaram bravamente em solo europeu e/ou defenderam o nosso litoral, combatendo pela liberdade mundial”. A corporação argumentou, ainda, que “a atividade, que se tratava de uma representação teatral sobre a 2ª Guerra Mundial, tinha o objetivo de explicar a criação do distintivo da FEB, afirmou a força armada.”

* Matéria elaborada e publicada originalmente pelo Correio Braziliense.

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