SeçõesNotícias

Sindsifce vai à justiça contra ensino remoto: paralisação do calendário já!

Postagem atualizada em 22/07/2020 às 19h34

Servidores, servidoras e estudantes do Instituto Federal do Ceará (IFCE) denunciaram, no último dia 09/07, a imposição do ensino remoto, e do retorno forçado ao calendário acadêmico, como causadora de exclusão de estudantes e precarização da educação. Cumprindo deliberação de assembleia geral do Sindsifce, servidores do instituto entraram com ação judicial, questionando o ensino remoto, suas consequências e sua forma de implementação sem diálogo com a comunidade.

Falta de diálogo tem sido uma marca do período da pandemia no instituto, com falta de regularidade nas reuniões do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 e com ausência de resposta da Reitoria do IFCE às solicitações dos servidores e aos pedidos de reunião protocolizados pelo Sindsifce. Vale destacar que no dia 9 de junho, em Assembleia Geral, servidores de 30 campi representados pelo sindicato local aprovaram recusa e repúdio ao ensino remoto e à retomada do calendário acadêmico, com possível construção de greve.   

Histórico
A reitoria do instituto não responde ofícios e pedidos de reunião dos servidores sobre a situação. O Sindsifce reiterou, dia 09/07, por meio de ofício, o pedido de reunião, devido à urgência quanto ao tema. Os trabalhadores do IFCE sequer foram incluídos pela reitoria na formação inicial do Comitê Covid, só tendo recebido lugar depois que o sindicato questionou o fato e demandou essa inclusão. Em ofício datado de 4 de junho, o Sindsifce solicitou acesso à pesquisa “Perfil discente e acesso à Internet”, realizada pela reitoria para subsidiar a retomada do calendário acadêmico com ensino remoto. Em 17 de junho o sindicato solicitou via ofício reunião com a reitoria, sugerindo o dia 24/6 para a realização do encontro, além de reiterar pedido de acesso à pesquisa. Até 09/07 a reunião não aconteceu, sem que nenhuma justificativa para isso fosse apresentada pela reitoria aos servidores e servidoras.   

Servidores denunciaram a situação em nota pública  
Uma nota pública de denúncia quanto ao tema foi veiculada por três das quatro seções sindicais que representam os servidores e as servidoras do IFCE: SINASEFE Crato, SINASEFE Iguatu e Sindsifce. A entidade representativa dos estudantes do IFCE, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) também assina a nota, assim como o coletivo Mova-IFCE. Uma versão resumida da nota foi publicada na forma de anúncio nos principais jornais de grande circulação no Ceará, reforçando a visibilidade pública quanto à questão.
“O IFCE, em decisão tomada em reunião do Conselho Superior (Consup), no dia 29/05, estabeleceu diretrizes para a retomada do calendário acadêmico, por meio do ensino remoto emergencial a partir de 1º de junho. Essa decisão está na contramão de inúmeras Instituições Federais de Ensino (IFEs) que suspenderam o calendário escolar no período de emergência, com base em diagnósticos e pesquisas que demonstram que adotar ensino remoto sem um rigoroso planejamento, com a participação democrática e efetiva da comunidade acadêmica, significa promover a intensificação das desigualdades educacionais e a privação de milhares de estudantes ao direito constitucional universal à educação de qualidade”, destaca a nota.  

“Cloroquina da educação”  
A nota inclui críticas à decisão da Reitoria do IFCE de fazer uma licitação para a compra de chips de celular para os estudantes, como suposta forma de dar viabilidade ao ensino remoto para uma comunidade estudantil de diferentes realidades socioeconômicas, incluindo pessoas em situação de forte vulnerabilidade, em famílias que sentem os efeitos da pandemia e não contam com ambientes de estudo adequados em casa. Os chipes adquiridos são também insuficientes para a demanda dos estudantes. E o ensino retomo vem sendo impondo aos docentes, sem que haja outra opção: “O uso da tecnologia não significa a “solução milagrosa” para os problemas na educação causados pela pandemia de Covid-19. A insistência da Reitoria do IFCE em impor o ensino remoto parece fazer da aquisição de chips de Internet e do uso de emails institucionais a nova “cloroquina da educação”, referindo-se à aberração do ensino remoto como saída para a crise em que vivemos, ressaltam os servidores e estudantes do IFCE.  
“Apresentado por alguns como a solução mágica ou a “cura milagrosa” para a Covid-19, o medicamento, utilizado para outras doenças, carece ainda de comprovação científica de sua eficácia quanto à Covid e foi retirado dos protocolos dos hospitais públicos estaduais, por exemplo. Não será a mera compra de chips de Internet, que inclusive não garantem o acesso à banda larga pelo tempo necessário, que resolverá todas as demais condições adversas vivenciadas por muitos estudantes. E ignoradas pela Reitoria”.   “Uma educação de excelência e verdadeiramente democrática se constrói com a participação de todos os sujeitos implicados no processo, com suas demandas e necessidades sociais atendidas de modo que ninguém fique para trás. Diferente disso, o ensino remoto significará a quebra da relação ensino, pesquisa e extensão, além de precarizar o ensino e promover a exclusão. Concordar com isso, definitivamente, não seria fazer educação”, assinalam.

*Matéria produzida e divulgada pelo Sindsifce, veja no site do sindicato filiado.

Conteúdo relacionado