Postagem atualizada em 28/10/2022 às 14h19
O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica – SINASEFE – vem a público manifestar irrestrita solidariedade à Casa de Referência Ieda Santos Delgado, localizada na região administrativa do Guará, no Distrito Federal, ameaçada de despejo nesta terça-feira (25/10/2022).
Destinada a acolher mulheres em situação de violência, a Casa de Referência Ieda Santos Delgado surge como a primeira ocupação urbana 100% feminina do DF, realizada nas instalações de uma antiga casa de cultura que se encontrava abandonada há mais de 10 anos, sem cumprir nenhuma função social.
A partir de um trabalho coletivo, o espaço foi revitalizado e transformado em um ambiente adequado para receber mulheres vítimas de agressões e prestar-lhes assistência jurídica, psicológica e social, contribuindo para que superem a realidade de vulnerabilidade que as atinge.
Dito de outro modo, diante da omissão do Estado, as próprias mulheres decidiram se organizar para defender as suas vidas contra todas as perversas formas de violência que as oprimem diariamente, numa sociedade estruturada sobre o machismo e o patriarcado. Agora, esse mesmo Estado que se omitiu em seu dever de garantir a proteção de tais mulheres vem, por meio da Administração Regional do Guará, tentar impedir a auto-organização destas pelo seu direito de viver dignamente, livres de ameaças e violências.
Com efeito, o Distrito Federal teve mais de 140 feminicídios nos últimos quatro anos, e o Centro-Oeste é a terceira região do Brasil com mais casos de violência contra as mulheres. Em 2022 , o DF já registrou uma média de 1.340 ocorrências de violência doméstica por mês. No auge do isolamento decorrente da pandemia de COVID-19, em 2021, foram 16.327 ocorrências de violência contra mulheres, tanto de natureza física, quanto psicológica e sexual. Mesmo assim, em vez de criar dezenas de casas de referência e acolhimento públicas, fecham-se as já existentes, a exemplo do que fez o governador Ibaneis Rocha (MDB), que fechou a Casa da Mulher Brasileira da Asa Norte.
Num cenário como esse, entendemos que a ameaça de despejo contra as mulheres da Casa de Referência Ieda Santos Delgado fecha os olhos ao dever de cumprimento de uma função social que acompanha o direito à propriedade privada, e contraria frontalmente o interesse público, que deve prevalecer sobre o particular, especialmente quando o que está em jogo são direitos humanos fundamentais, sobretudo o direito à vida!
Portanto, em defesa da vida das mulheres, contra a cultura do estupro e pelo fim dos feminicídios, o SINASEFE se solidariza com a Casa de Referência Ieda Santos Delgado e repudia qualquer ação repressiva por parte do Poder Público contra as moradoras da ocupação.
#ResisteIeda
Confira a nota acima em PDF:
Leia também
Movimento Olga Benario realiza 13ª ocupação de mulheres, no DF (A verdade)
