25 de julho: Dia Internacional de Luta das Mulheres Negras da América Latina e Caribe é celebrado nesta segunda

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25 de julho: Dia Internacional de Luta das Mulheres Negras da América Latina e Caribe é celebrado nesta segunda

Postagem atualizada em 26/07/2016 às 0h06

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi definido durante o 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, realizado entre os dias 19 e 25 de julho de 1992, na Guatemala. Com a participação de mais de 70 países, o evento marcou, a partir de então, a data como lembrança da luta e da resistência da mulher negra em relação à opressão de gênero e etnia.
Ainda que pouco conhecido, o Dia Internacional das Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas existe há 22 anos. Esta data representa um convite a refletir sobre a luta diária e a dura realidade que enfrentam as mulheres trabalhadoras brasileiras, sobretudo as mulheres negras.
Nesse sentido, homenageamos a memória de Cláudia Pereira Silva, trabalhadora, 38 anos, mãe de quatro filhos, e responsável por mais quatro crianças, que foi assassinada durante uma operação policial no dia 16 de março de 2014. Destacamos também, nas figuras de mulheres lutadoras como Elisabeth Gomes, viúva de Amarildo, e Maria de Fátima Silva, mãe do dançarino Douglas Rafael (DG), a força de todas as mulheres que se enfrentam com a violência diariamente.
Além de serem constantemente violentadas (pela mídia, pelo estado, pelos maridos e pelos patrões), as mulheres negras tem transformado suas dores cotidianas em força para lutar e denunciar a violência policial.
Para além de exigir que seja feita justiça pela violenta morte de Cláudia, e de todos Amarildos e DGs em nossa sangrenta história, chamamos atenção para os números do genocídio da população negra em nosso país e a necessidade de dar um fim a essa tenebrosa estatística.
De acordo com o Mapa da Violência 2014, “efetivamente, entre os brancos, no conjunto da população, o número de vítimas diminui de 19.846 em 2002 para 14.928 em 2012, o que representa uma queda de 24,8%. Entre os negros, as vítimas aumentam de 29.656 para 41.127 nessas mesmas datas: crescimento de 38,7%”.

Violência contra as mulheres negras
Como já abordamos em nosso Boletim Eletrônico nº 550, os índices de violência contra a mulher no Brasil são revoltantes, somos o sétimo país no ranking mundial de homicídios femininos.
E as mulheres negras, infelizmente, são as mais atingidas. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) demonstram ainda que no Brasil, 61% dos óbitos foram de mulheres negras, que foram as principais vítimas em todas as regiões, à exceção da Sul. Cabe ainda destacar a elevada proporção de óbitos de mulheres negras nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%).

Falta de investimentos dos governos
Não se combate o racismo e a violência apenas com boas intenções, não existe a possibilidade de enfrentar um problema histórico como este sem a aplicação maciça de recursos para que os bonitos planos saiam do papel e se efetivem no enfrentamento real da violência racista e machista.
Os últimos governos federais (Lula, Dilma e, interinamente, Temer) não priorizaram essa demanda. Prova disso são os números: o gasto com o programa nº 2034, denominado “Enfrentamento ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial”, em 2013 (veja aqui os dados do Portal da Transparência), no ano de 2013, não ultrapassou 50 milhões de reais. O combate à violência contra a mulher também recebeu poucos recursos: somado todo o investimento de dez anos para o combate à violência contra as mulheres, e dividido pelas mulheres do país, chegamos ao vergonhoso resultado de apenas R$ 0,26 por cada uma delas, uma quantia insignificante para combater um problema tão sério.

Nossa luta deve ser todo dia!
Denunciamos ainda a invisibilidade das mulheres negras em todos os espaços sociais. Exercendo a mesma função, estas trabalhadoras recebem as menores remunerações do mercado. Reconhecemos os avanços do movimento feminista, mas é preciso ampliar as discussões, ocupar os espaços historicamente negados, fortalecer parcerias e reforçar a luta das mulheres negras. Mulheres que constroem uma história de luta e resistência do nosso país e protagonistas de sua própria liberdade.
Em defesa do reconhecimento e da visibilidade das lutas contra o racismo. Pelo fim do machismo, racismo, homofobia, transfobia e de todas as formas de opressão e intolerância religiosa, nossa luta segue todos os dias!

Texto publicado originalmente em nosso Boletim Eletrônico nº 554