8 de março: SINASEFE vai à luta e às ruas com as MULHERES!

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8 de março: SINASEFE vai à luta e às ruas com as MULHERES!

Postagem atualizada em 27/02/2017 às 11h52

Por que o SINASEFE orienta e conclama a unidade da classe trabalhadora da educação, e demais trabalhadores e trabalhadoras a participarem efetivamente deste 8 de março de 2017?

Primeiro, porque resgatar nossa história é fundamental, há décadas o capitalismo entrou de forma dura na disputa simbólica do 8 de março, e aí, nada contra receber flores ou celebração. No entanto, entendemos que mostrar apenas este lado significa omitir toda a trajetória de luta histórica das mulheres no combate ao machismo e ao modelo patriarcal que deixa as marcas de opressões, submissões e violência de gênero. Por isso, para além de flores e celebrações precisamos resgatar o dia 8 de março como dia de resistência e de muita luta.

A publicação As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres, de Ana Isabel Álvarez González (2010), demonstra a importância das mulheres têxteis estadunidenses no processo de luta internacional das mulheres trabalhadoras por seus direitos. Em tempo, apresenta comprovações históricas de que não há registros de incêndios em fábricas têxteis em Nova Iorque no 8 de março de 1857. Mas, na verdade, o apontamento para haver um dia de luta das mulheres foi aprovado em 1910 na II Conferência das Mulheres Socialistas que haveria de se organizar nos países um dia de luta pelos direitos das mulheres, porém não houve uma deliberação de haver um dia unificado internacionalmente.

Segundo, porque estabelecer o 8 de março como uma data internacional de referência da luta das mulheres só aconteceu após 1917. É necessário enfatizar que em 23 de fevereiro do calendário russo (8 de março do nosso) as mulheres tecelãs e costureiras de Petrogrado definem em seus locais de organização de base, contrariando inclusive a direção do Partido Bolchevique, que iriam iniciar uma greve e saíram as ruas reivindicando “Pão e Paz”. A greve iniciada em Petrogrado se espalha pelo império czarista, iniciando assim o que ficou conhecida como “Revolução de Fevereiro” processo fundamental para desencadear os 10 dias que abalaram o mundo em outubro de 1917: a Revolução Russa.

Conhecer nossa história nos capacita e nos impulsiona para a importante tarefa de continuidade das nossas lutas atualmente. Luta esta que nos garantiu direitos importantes até agora, mas que precisamos ter consciência do momento que vivemos marcados por ataques frontais aos direitos conquistados pela luta das mulheres. As trabalhadoras russas não tiveram outra saída senão substituir a agenda de reuniões, panfletagens e debates por uma grande mobilização grevista. Milhares foram às ruas pelos direitos mais elementares, assim como nós, mulheres deste temerário tempo, tomaremos as ruas no próximo 8 de março com uma agenda unificada pela manutenção e ampliação de nossos direitos. A autonomia feminina, inserção no mercado de trabalho de forma igualitária, emancipação econômica, socialização do trabalho doméstico, livre sexualidade, direito ao aborto, entre outras, são pautas que ainda hoje articulam as mulheres internacionalmente e que fizeram parte dos avanços conquistados na Rússia socialista impulsionados pelas lutas das mulheres.

As contradições do sistema capitalista são mais fortemente experimentadas pelas mulheres. A múltipla jornada de trabalho, as privações sociais, a objetivação de seus corpos, a violência física e simbólica, as condições degradantes da vida das mulheres trabalhadoras tem sido uma condição histórica permanente que acompanha a trajetória das mulheres. As possibilidades de superação dessas condições, como bem nos demonstraram as revolucionárias russas, só são possíveis através da incessante mobilização e do incansável esforço teórico de formulação de políticas que sejam capazes de desmontar o aprofundamento de iniciativas que, a exemplo da reforma da Previdência proposta pela PEC287/16 degradam ainda mais a vida das mulheres. A proposta de equiparação da idade de aposentadoria entre homens e mulheres, por exemplo, demonstra a dimensão dos ataques direcionados às mulheres e quão deslocado da realidade se encontra este governo golpista!

Precisamos mais do que nunca colocar em pauta sem medo e com contundência as reivindicações históricas das mulheres expressas no 8 de março (para fazer jus a histórica de luta contra o feudalismo czarista pela garantia de direitos das mulheres trabalhadoras russas) e defender a emancipação de toda população, mostrando que o movimento feminista, socialista, anarquista, enfim, a mobilização da classe trabalhadora, está pofundamente conectada com as demandas de uma forma interseccional. A compreensão do que significa o processo de organização e debates apresentados pelas feministas negras e transfeministas nos últimos anos é uma prova que nos localiza de volta ao que simboliza este dia para nós.

Para além das disputas de concepção que precisamos enfrentar para lutarmos pelo simbólico do nosso dia, 8 DE MARÇO COMO DIA DE RESISTÊNCIA E DE MUITA LUTA, é necessário olhar para o concreto que atinge a vida das mulheres nesse exato momento: a crise econômica internacional se intensifica e exige que o imperialismo imponha medidas drásticas para recuperar suas taxas de lucro. Neste sentido, os governos da burguesia se esforçam para aplicar planos de austeridade e medidas que retiram direitos dos trabalhadores(as). Esses governos têm utilizado discursos conservadores e reacionários. Um exemplo é Trump, Presidente dos EUA que além de disseminar um discurso de ódio e violência contra mulheres, imigrantes e negros, está tentando impor um duro ataque aos trabalhadores de seu país e do mundo.

No Brasil, Temer com apoio do Congresso vem conseguindo aprovar medidas de ajuste como a PEC 55, a reforma do Ensino Médio e agora tenta a reforma da Previdência e trabalhista, além da regulamentação das terceirizações. Nos Estados e municípios também se nota a grave crise que se materializa nos atrasos e parcelamentos de salários, cortes nos investimentos e privatizações de serviços. Somado a isto, o forte desemprego que atinge mais de 12 milhões de brasileiros, os cortes na saúde e a negligência com o surto de Zika vírus, chikungunya, febre amarela, centenas de casos de crianças com microcefalia, mortalidade materna, ocasionada por abortos inseguros e ilegais. Há um crescimento do feminicídio, violência, estupros e assédios, etc, fruto da degradação social provocada pela decadência capitalista.

Isto nos impõe retomar o debate sobre a legalização e descriminalização do aborto. Precisamos fazer o Estado se responsabilizar e garantir o aborto legal e seguro com procedimentos feitos gratuitamente pelo SUS, enfrentando o mercado clandestino de abortamentos e para que nenhuma mulher trabalhadora morra por aborto inseguro.

Todos esses ataques têm possibilitado uma reação. As lutas e paralisações parciais em vários estados e municípios tem demonstrado sua importância. Pezão, no Rio de Janeiro, por exemplo, ainda não conseguiu impor seu plano de austeridade.

O 8 de março, ocorre em meio a várias mobilizações das lutas das mulheres em alguns países contra os planos de austeridade, em defesa do emprego, saúde e educação, mas também contra o machismo, a violência e por direitos. No 21 de janeiro nos EUA, as mulheres protagonizaram uma importante marcha nacional, foram quase 3 milhões de pessoas que saíram às ruas contra Trump e seu discurso e prática misógina, racista, xenófobo e lgfóbico.

É bom lembrar que em 2015 na Argentina as manifestações pelo “Ni Una Menos” contra a cultura do estupro, influenciou vários países da América Latina em 2016, a exemplo da greve de mulheres na Polônia contra as mudanças na legislação do aborto, as mobilizações pela igualdade salarial na Islândia e por direitos reprodutivos na Coreia do Sul, etc.

O movimento “Ni Una Menos” fez um chamado à uma greve geral de mulheres que já conta com a adesão de movimentos de mulheres de 30 países, propondo greves e ações de protestos sob o lema “A solidariedade é nossa arma”.

Precisamos unificar nossa luta, nos opondo ao ajuste fiscal que impõe a nós que paguemos por uma crise que as mulheres brasileiras muitas vezes já gritaram, como o fizeram durante a ditadura militar e o faremos em defesa de existência/manutenção de um estado democrático. Lutemos todos nós, na defesa intransigente do direito das mulheres de se organizarem politicamente e de irmos às ruas quando e como acharmos necessário em defesa de nossos direitos sem sermos ameaçadas pela repressão e violência, a exemplo do que ocorreu em 29 de novembro e 13 de dezembro quando lutávamos contra a PEC55 (aquela do fim do mundo que congelou e diminuiu os investimentos do governo com “gastos primários”). Nunca uma conjuntura política, econômica e social nos impôs uma tarefa tão importante quanto a luta contra a retirada de direitos, a sobrevivência da democracia, a defesa de direitos sociais das mulheres, negros, LGBT’s, imigrantes.

São mais de 100 anos da nossa luta, mais de 100 anos de 8 de março e, assim como para nossas antepassadas, não nos resta outra saída senão resistirmos e lutarmos contra qualquer ataque às mulheres, às trabalhadoras, às negras, LGBTs, indígenas e quilombolas. A coragem dessas mulheres em enfrentar a autocracia czarista em um cenário tão árido, como o que se coloca para nós, serve como mola propulsora de nossas lutas e resistências. Que sejamos capazes de anseios revolucionários e transformadores quanto o destas mulheres!

Tod@s à construção e efetivação de um 8 de março grandioso, revolucionário, para defender nenhum direito a menos!

O SINASEFE em sua 148ª PLENA aprovou a ampla participação de sua base na GREVE GERAL INTERNACIONAL DAS MULHERES, e através desta convocamos toda a base a paralisar suas atividades, realizar debates e ações de luta em defesa dos direitos das mulheres e da classe trabalhadora destacando a reforma da Previdência, a reforma trabalhista e educacional, inclusive como meio de resistir e assegurar os direitos das mulheres e de toda a classe trabalhadora.

Mulheres do mundo inteiro uní-vos! O SINASEFE conclama a todas as mulheres, servidoras filiadas ou não, para que se somem a nós, “mulheres” que hoje se encontram nesta Direção Nacional e também as “mulheres” atuantes nas mais de 90 Seções de nossa entidade, para que participem conosco das atividades propostas pela nossa entidade, bem como venham participar politicamente da vida sindical, este espaço também é nosso! “Lugar de mulher é dentro do movimento sindical”!

Vamos tod@s construir efetivamente o dia 8 de março enquanto Dia Internacional das Mulheres!

Nenhum direito a menos, nenhuma a menos!

Abaixo a reforma da Previdência, não a PEC287/16!

Abaixo as reformas trabalhista e educacional!

Esta é uma convocação da Direção Nacional do SINASEFE, baixe a versão em PDF.

Confira também a convocação mundial, panfletos, cartazes, adesivos e demais materiais de divulgação da Greve Internacional de Mulheres no site: 8MBrasil.com