Carta Aberta: Greve 2016

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Carta Aberta: Greve 2016

Postagem atualizada em 22/12/2016 às 20h54

A Direção Nacional (DN) do SINASEFE aprovou nesta quinta-feira (22/12) uma Carta Aberta às bases do nosso sindicato sobre o movimento paredista de 2016, que durou 37 dias e foi suspenso pela 147ª PLENA.

Confira abaixo o documento em sua integralidade:

Carta Aberta do SINASEFE sobre a greve de 2016

Companheiras e companheiros, congratulemo-nos! A luta de classes tem sido árdua e tem nos demonstrado que só a unidade na luta será capaz de dar as respostas ao golpe contra os trabalhadores e trabalhadoras. Ao longo de nossa história, desde os momentos mais tenebrosos, a exemplo do estado de exceção (1964-1985), nunca de modo tão veloz o capital encontrou tanto apoio para, em golpes fracionados e articulados, estabelecer a retirada dos direitos historicamente conquistados pela classe trabalhadora.

Mesmo a democracia, tão incipiente, sofreu tantos ataques como os que vemos ser articulados pela interferência, imparcialidade e/ou cumplicidade entre as instituições que a representam e deveriam assegurá-la. O que ficou bem explícito nos últimos episódios que envolveram a possível destituição do Presidente do Senado. Este cenário busca consolidar um projeto neoliberal de extinção das políticas sociais e dos serviços públicos essenciais, sendo seus ataques marcados pelas reformas econômicas, educacionais, trabalhistas, de retiradas de direitos sociais previstos na Constituição Federal de 1988, expressas nas PECs e PLs: PEC 55/16 (antiga PEC 241/16, do ajuste fiscal), PEC 54/16 (antigo PLP 257/16, da renegociação das dívidas dos estados), MPV 746/16 (Reforma do Ensino Médio), PLC 7180/14, PLC 867/15 e PLC 1411/15 e PLS 193/16 (que tratam do Projeto Escola Sem Partido), entre outros tão nocivos quanto os aqui citados.

Não podemos nos esquecer que a nossa luta foi contagiada pelo protagonismo dos estudantes que através dos #Ocupas, das mobilizações e atos em todo o país nos encheram de orgulho, ânimo, esperança e resistência. São os jovens que fazem as revoluções e essas ocupações ficarão na história!

A Luta tem sido um grande aprendizado e as ruas tem sido uma grande universidade. O exemplo do ato do dia 29 de novembro revelou a resistência e articulação com outras entidades sindicais, movimentos estudantis e demais movimentos sociais e populares, em tempo que a reação do estado foi dada com a violência brutal contra a manifestação pacífica de estudantes e trabalhadores.

Não menos brutal e opressor foi a preparação bélica militar do estado contra os manifestantes no dia 13 de dezembro, momento da votação da PEC 55/16 em segundo turno no Senado, onde fomos surpreendidos pelo bloqueio do acesso à Esplanada dos Ministérios. Durante o ato um ônibus foi lotado com meninos e meninas que foram levados para a delegacia civil do Distrito Federal com o intuito claro do estado de enquadrá-los como terroristas. A mídia golpista e manipuladora, por sua vez, reforçou a narrativa de criminalização do movimento, bem como advogou em favor da supressão da liberdade de expressão e do direito à livre manifestação.

Por tudo isso, concluimos que se faz necessário uma suspensão estratégica de nossa greve para que possamos promover uma reavaliação de todo o movimento e uma reorganização de nossas ações. Importante ressaltar que essa suspensão jamais pode ser confundida com um “recuo” ou uma “retirada” de nossa luta, pois o retorno ao estado de greve foi um consenso da categoria.

Esta foi uma greve construída, deliberada e comandada pela base, assim como deve ser um sindicato classista. Devemos dar os parabéns para aquilo que fizemos nesse ano e devemos salientar que o próximo ano será ainda mais difícil, será um ano em que teremos ataques ainda mais contundentes de um governo que conta com o apoio da mídia, do parlamento, do judiciário e do capital internacional com seus interesses escusos.

Não nos cabe mais as disputas e os debates sobre quem tinha razão com o passado dos governos do PT ou com a relação ao golpe, estamos dentro de uma conjuntura que necessitamos de unidade e da construção do enfrentamento, portanto não podemos nos perder em embates internos e em enfrentamentos menores.

O ano de 2017 tem uma agenda que necessita ser encarada de maneira grandiosa por todos e todas nós, e precisamos preparar as nossas armas para o enfrentamento a partir de fevereiro do ano que em breve desponta.

Tenhamos um bom descanso no mês de janeiro, mas não deixemos de avaliar, debater e pensar no que teremos que fazer pela frente, já no início de 2017. Teremos um combate contra a Reforma da Previdência (PEC 287/16), contra a MPV 746/16 (que já foi aprovada em primeiro turno e que reforma o ensino médio) e outros que terão a ver com o que foi aprovado recentemente na PEC 55/16.

Enfim, companheiras e companheiros, o nosso sindicato nacional esta de pé, a nossa categoria esta de pé e devemos preparar o nosso exército para fazer esse enfrentamento.

Um bom 2017 para todos e todas nós e que 2016 nos sirva de lição, de coragem e entusiasmo para o ano que se inicia.

Por nenhum direito a menos!

Golpistas, não passarão! Traidores da pátria, daremos a eles o lugar que merecem na história!

SINASEFE construindo a greve geral dos trabalhadores do Brasil na luta e nas ruas!

2017 será nosso!

Boas festas e um feliz e próspero ano novo!