Debate da situação mundial e nacional preparam CSP-Conlutas para entrar nas lutas em 2017

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Debate da situação mundial e nacional preparam CSP-Conlutas para entrar nas lutas em 2017

Postagem atualizada em 08/02/2017 às 12h18

A primeira reunião de 2017 da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas que acontece nos dias 3, 4 e 5 de fevereiro em São Paulo aponta os desafios que devem ser enfrentados pela Central e as lutas necessárias neste primeiro semestre para derrotar os ataques anunciados pelo governo Temer.

As exposições e o debate aberto no decorrer desta sexta-feira (3) primaram por entender a realidade mundial, políticas do capital e a resistência da classe trabalhadora, buscando entender suas implicações na realidade brasileira e as perspectivas dos trabalhadores brasileiros.

Estiveram na mesa José Maria de Almeida, o Zé Maria, metalúrgico e dirigente do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado); Valério Arcary, historiador e professor titular aposentado do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) e dirigente do MAIS (Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista) e Plínio de Arruda Sampaio Jr, economista, livre-docente da UNICAMP e dirigente do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade).

O entendimento do aprofundamento da crise mundial é comum entre os palestrantes. As dificuldades enfrentadas pela burguesia e o grande capital têm promovido pelos governos aliados ou que estão a serviço dessa política profundos ataques à classe trabalhadora mundial.

“A crise obriga governos capachos da burguesia a impor uma ofensiva à classe trabalhadora”, afirmou Zé Maria, acrescentando que os ataques aos trabalhadores se dão num marco de quase terra arrasada pelo o que já foi perdido desde a ofensiva do modelo neoliberal a partir da década de 1990.

De acordo com Plínio é necessário entender o caráter do momento histórico e sua gravidade. “A crise do capitalismo se aprofunda, tornando esse momento mais complexo, porque o capitalismo não consegue mais resolver minimamente os problemas fundamentais do povo e do próprio capitalismo”.

Zé Maria acredita que o aprofundamento dessa crise impôs a que burguesia se utilizasse também de governos de frente popular para aplicar seus planos. Para tal, exemplificou a política aplicada pelos governos do PT, principalmente o governo de Dilma, e o partido Syriza, de Alexis Tsipras, na Grécia.

Com esse raciocínio, o dirigente defendeu que Temer é uma continuidade da política aplicada pelo governo anterior que já vinha desfechando ataques aos direitos dos trabalhadores. O que foi chamado por Plínio “Temer é uma metástase de Dilma”.

Zé Maria ainda defendeu não ver diferença de qualidade entre a política de Barack Obama, ex-presidente dos EUA, ao do atual Donald Trump, lembrando que cerca de 3 milhões de mexicanos foram expulsos do país norte-americano pelo governo Obama, que promoveu número recorde de deportações no país.

Em contrapartida, Zé Maria salienta que a classe trabalhadora vem deflagrando uma poderosa resistência, exemplificando com lutas nos próprio EUA contra Trump, mas também na Grécia, França e no Brasil.

Plínio também acredita que a classe trabalhadora está em movimento. Defende que há um importante deslocamento à direita na superestrutura, mas que esse movimento tem provocado a polarização da luta de classes. “Na superestrutura há deslocamento da direita, mas na base da sociedade há a rebeldia”, salienta.

Valério defende que esse deslocamento à direita da superestrutura é um reflexo de uma onda conservadora mundial que provoca reflexos em diversos países, tendo os EUA como maior exemplo a partir da eleição de Trump: “Abre uma fratura na estabilidade mundial como não vemos há décadas”, alardeou. O professor aponta que está colocado um novo momento na situação mundial em que se amplia o conflito imperialista.

Dessa forma, Valério ressalta que também mudou a situação brasileira. “O governo Temer está apresentando um projeto politico que é o mais reacionário desde que caiu a ditadura no Brasil, mais que FHC, que Sarney, além de destruir a política pública, que ainda que insuficiente, foi aprovada na Constituição de 1988”.

A organização das lutas no Brasil

Zé Maria ressalta que a luta não está resolvida no Brasil e se os trabalhadores estão enfrentando essa situação é devido à responsabilidade do governo petista por meio de ataques à classe e uma política de conciliação com a burguesia que provocaram desilusão no projeto de frente popular confusão política e atraso e na consciência de classe. “E, hoje, novamente o PT aposta na política de Lula pra 2018”, a aponta o Fora Temer, defendido pelo partido, neste marco.

O dirigente defendeu a organização urgente de uma Greve Geral para derrotar os ataques, entre eles a reforma da Previdência, os outros projetos de Temer e seu próprio governo, mas frisou que o grande entrave são as direções que não querem essa paralisação nacional. “A Força Sindical apoia o governo Temer e a CUT diz que a classe está derrotada. No entanto, é fundamental organizar a greve geral por baixo, nas bases, e exigir das direções das centrais que a convoquem imediatamente”, reforça.

Diante de tal realidade, ele defende a construção de uma alternativa de classe socialista, apoiada em conselhos populares contra o pagamento da dívida pública, em defesa das estatizações e reestatizações e ao acesso a uma vida digna pela classe trabalhadora.

Valério salienta ainda que diante da situação que está colocada não há espaço para a organização efetiva de uma Greve Geral neste momento.

Segundo Valério, com o patamar avançado de ataques a saída para os trabalhadores é construir uma frente única que inclua Povo Sem Medo e Brasil Popular. “A CSP-Conlutas pode com suas próprias forças construir uma politica pra derrotar Temer? Sim ou não? Na minha opinião não temos forças pra isso”, desafiou.

Sobre as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, Zé Maria não acredita que não sejam alternativas para a classe, uma vez que o centro de suas ações se voltam para o Lula-2018 “a alternativa dos trabalhadores será construída na luta e não nas eleições”.

Plínio acredita a esquerda precisa apresentar um projeto claro de mudanças, com propostas. “Aos trabalhadores falta dizer para resolver o problema da Odebrecht na Lava Jato é estatizando as empreiteiras, para a Escola Sem Partido vamos defender a Escola com Partido do povo brasileiro” exemplificou. “A burguesia expressa claramente seus valores, afirmar os nossos”.

Apesar de diferenças manifestadas, a mesa defende unitariamente a necessidade da Central ir à ruas em defesa dos direitos da classe trabalhadora.

Com acordos em alguns pontos, polêmicas e diferentes propostas políticas, o debate foi aberto aos participantes que puderam agregar ainda mais trazendo aspectos de realidades locais e categorias específicas. Houve mais de 50 intervenções.

Esse debate de hoje, entre seus principais aspectos, prepara os trabalhadores que estão na reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas para o seminário que acontece neste sábado contra a reforma da Previdência. Também arma politicamente a Central para ir às ruas em defesa das aposentadorias e dos direitos dos trabalhadores e em defesa da urgência da Greve Geral.

*Material divulgado pela CSP-Conlutas na última sexta-feira (03/02).

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