Postagem atualizada em 16/10/2023 às 17h15
As seções sindicais Cáceres-MT, Rondonópolis-MT e São Vicente da Serra-MT vêm, conjuntamente, se posicionar quanto ao Prêmio Servidor Destaque, notícia publicada no site do IFMT, dia 15/09/2023, cujas inscrições foram encerradas no dia 25/09/2023. O prêmio a ser oferecido será uma certificação, a ser entregue no 8º WorkIF.
Consideramos necessárias algumas reflexões sobre o tema, visto ser prática de um modelo industrial, empresarial e privado, cujos objetivos são bastante distintos daqueles de esperados de uma instituição pública de educação.
A pretenciosa modernidade de algumas teorias da administração, que remontam ao taylorismo, confundem a medição da eficiência das máquinas e linhas de produção com o desempenho de trabalhadoras e trabalhadores da educação, cuja mensuração apresenta imenso grau de dificuldade, por tratar de subjetividades, de sujeitos de direito. Sobre este ponto, atentamos à tentativa de comparar – ou quem sabe transformar – seres humanos, dotados de razão, vontade e entendimento, em meras ferramentas.
Tal premiação acirra a competição entre trabalhadoras e trabalhadores – imaginando-se a remota possibilidade de que todas(os) têm iguais condições de concorrer – e parece não considerar as imensas barreiras enfrentadas para a execução de simples tarefas: falta de espaço adequado à realização das atividades, ausência de equipamentos (tais como computadores, impressoras, datashows, mesas e cadeiras adaptadas às diversas funções existentes no ambiente), oferta de serviço de internet de qualidade, iluminação apropriada e sabe-se lá quantas outras exigências não são atendidas para a otimização dos trabalhos.
Somadas a essas condições há, ainda, o problema das vagas insuficientes, a contratação de professoras(es) substitutas(os), as ausências motivadas por licenças médicas – estas obrigam a reposição das aulas. Lado a lado com isso, outras trabalhadoras e trabalhadores, essenciais para o êxito de qualquer tarefa, são invisibilizadas(os): o pessoal que cumpre estágio e aquelas e aqueles terceirizados que se ocupam da limpeza dos prédios.
Analisadas essas condições materiais, conhecemos o resultado do esforço adicional para alcançar as “metas”: não raros pedidos de exoneração e de demissão e, ainda pior, os adoecimentos agravados pelo sentimento de baixa auto-estima, de incapacidade, de não-pertencimento, o não reconhecimento dos esforços compatíveis com as diversas funções.
Apontados os problemas acima, cabe, também, pensarmos no que representa uma premiação simbólica quando, efetivamente, trabalhadores e trabalhadoras estão há anos sem aumentos reais em seus salários, as formas de progressão nas carreiras que travam o avanço, o endividamento como meio de sobrevivência, os aborrecimentos advindos pela falta de transporte público à maioria dos campi. Privados do necessário, se veem obrigados a competir entre si para serem “reconhecidos”.
Ao elaborarmos esta nota, estamos cientes das críticas que os defensores da meritocracia farão aos seus autores, mas temos claras a origem do sindicalismo e sua função histórica e, mais, a atenção ao próprio Estatuto do SINASEFE, que estabelece como compromisso sindical a intensificação da luta pela unificação internacional da classe trabalhadora, visando a construção de uma sociedade socialista. Portanto, não podemos nos abster de fazer a crítica a esse modelo neoliberal, predador dos direitos dos trabalhadores, contrário ao cumprimento das funções sociais do Estado e, consequentemente, de uma rede pública de educação tecnológica que vise a plena formação humana e não, apenas, de máquinas para a execução dos interesses do capital.
Somos trabalhadoras e trabalhadores, não somos peças de engrenagens! Exigimos respeito!
Baixe aqui a Nota das seções sindicais Cáceres-MT, Rondonópolis-MT e São Vicente da Serra-MT visível acima (formato PDF).
