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Sindicato participa da 7ª Marcha das Margaridas

Postagem atualizada em 18/08/2023 às 12h05

Mais de 100 mil participantes da 7ª Marcha das Margaridas ocuparam as ruas de Brasília-DF nesta quarta-feira (16/08). Milhares de mulheres, vindas de todos estados do país e até do exterior, marcharam na capital federal pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver. Seções sindicais, plantonistas e dirigentes do SINASEFE participaram da mobilização.

“A Marcha das Margaridas é um encontro das lutas das mulheres do campo, das águas e das florestas: mulheres que produzem os alimentos que comemos, fazem parte da agricultura familiar e que lutam por seus direitos”, destaca a coordenadora geral do SINASEFE, Elenira Vilela. “As mulheres defendem o direito de se fazer ouvir na sociedade, pelo direito de produzir via agricultura familiar, de viver sem racismo, sem seximo e sem violência, é tudo que a gente quer! Viva Margarida Alves! Viva a Marcha das Margaridas! Viva cada ‘margarida’ brasileira!” finalizou Elenira. Assista:

Pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver*

Então, por que as margaridas falam em “reconstruir o Brasil”? Se reconstruir é construir novamente, é refazer, então algo foi desconstruído. Sim! Bolsonaro assim que assumiu o governo em 2019, declarou que era preciso desconstruir muita coisa, ele prometeu e cumpriu: as políticas públicas e os direitos da população, de um modo geral, não foram apenas ameaçados como deliberadamente atacados nos últimos quatro anos.
As mulheres, notadamente, as mulheres negras, trabalhadoras, do campo, da floresta e das águas têm vivenciado os efeitos danosos da ausência dessas políticas no seu cotidiano. E isso significa que direitos lhes foram negados, assim como foram negadas existências e possibilidades de cuidado, proteção e segurança. Por isso essas mulheres se propuseram a marchar para RECONSTRUIR tudo o que foi destruído, e em condições nada fáceis: esse é o tamanho do desafio que está colocado também para a Marcha das Margaridas 2023.
A devastação veloz da natureza e da biodiversidade, associada ao reforço das transnacionais da mineração e do agronegócio e o sacrifício da soberania nacional e popular, com a subordinação do país aos interesses das corporações transacionais, reforçaram a necessidade de pensar que Brasil se quer reconstruir. Um Brasil do Bem Viver! Esse é o horizonte e o sentido da reconstrução do Brasil que as Margaridas querem.

Mas qual o significado do Bem Viver?
O Bem Viver nasceu da experiência de vida coletiva de alguns povos e nacionalidades indígenas, e expressa suas formas de organização social e do viver coletivo, e as práticas políticas. Ele nos ensina que é possível construir relações de solidariedade e coletividade por meio de valores e princípios comuns.
São distintas as definições de Bem Viver, assim como são distintas as maneiras de vivenciá-lo. Mas de um modo geral é possível dizer que o que há em comum entre essas várias vivências é que elas propõem a integralidade do mundo e uma vivência em harmonia com a natureza, envolvendo o cuidado e a proteção da Mãe Terra, geradora da vida.

O Bem Viver que as Margaridas anunciam se estabelece a partir de relações que respeitam as diferenças e admite maneiras distintas de viver; que cultiva o respeito e valorização de todas as formas de vida. E que aponta para uma economia construída a partir de práticas que levam a cultivar relações de reciprocidade, pautada na solidariedade, responsabilidade e integralidade. Quando as Margaridas apontam o Bem Viver como o sentido do Brasil que elas querem reconstruir, elas estão reafirmando a possibilidade de:

  • estabelecer uma relação de não-exploração com a natureza; usufruir do direito de viver em suas terras e territórios; mudar os moldes de produção e consumo, e propor novas formas de produção de alimentos, de modo a fortalecer a soberania e segurança alimentar e nutricional; participar plenamente na política e nos espaços de decisões;
  • limitar a concentração de riqueza, levando a uma convivência sem desigualdades, sem pobreza, sem fome, sem racismo e sem violência, em que as mulheres do campo, da floresta e das águas tenham autonomia sobre seus corpos-territórios; e, por fim,
  • cultivar relações em que o cuidado e os afetos sejam resguardados por todas e todos.

Eixos políticos*

Esse ano os Eixos Políticos que mobilizaram as participantes foram os seguintes:

  • Democracia participativa e soberania popular;
  • Poder e participação política das mulheres;
  • Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética;
  • Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios;
  • Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional;
  • Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns e proteção da natureza com justiça ambiental e climática;
  • Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda;
  • Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo;
  • Saúde, previdência e assistência social pública, universal e solidária;
  • Universalização do acesso à internet e inclusão digital;
  • Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo;
  • Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade.

Concentração, caminhada e encerramento

As participantes da 7ª edição da Marcha das Margaridas começaram a chegar na capital federal desde o início da semana, realizando atividades políticas e culturais em diversos pontos da cidade antes da grande manifestação que ocupou a Esplanada dos Ministérios na quarta-feira (16/08).

A concentração da Marcha ocorreu no acampamento montado no Parque da Cidade, de onde as alas começaram a sair, a partir de 7h30, organizadas por eixos e regiões brasileiras. A manifestação percorreu mais de 4 Km pelas ruas da cidade, alcançando a região da Esplanada dos Ministérios por volta de 11h30.

A Marcha foi encerrada numa cerimônia no gramado central da Esplanada, com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que anunciou a criação de um plano emergencial de reforma agrária e de um pacto nacional de prevenção ao feminicídio. Leia mais sobre todas estas medidas aqui.

A cerimônia também contou com a presença de várias ministras, parlamentares e integrantes da organização da marcha. A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que o governo federal quer ficar mais próximo da população. “Essa marcha está em Brasília, mas, a partir de agora, são o governo e o Ministério das Mulheres quem vão marchar até vocês, para que nós possamos, de fato, garantir resultados e efetividade das políticas públicas para as mulheres brasileiras”“O presidente Luiz Inácio Lula da Lula da Silva já disse não quer ministro em Brasília. Ele quer ministros nos lugares onde tiver o problema. Por isso, nós, os ministros, estaremos com vocês, para que nós possamos resolver”declarou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. 

Margarida heroína

Foi publicada, nesta quinta-feira (17/08), a Lei nº 14.649/2023, que registra o nome de Margarida Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, também chamado Livro de Aço, como a heroína das ligas camponesas e dos trabalhadores rurais do Brasil. A líder sindical assassinada na porta de casa, em 1983, por lutar pelos direitos dos campesinos, também dá nome a maior marcha de movimentos sociais de mulheres do país, a Marcha das Margaridas.

Galeria de fotos

O SINASEFE participou da 7ª Marcha das Margaridas com representantes de seções sindicais, da direção nacional e de seu plantão semanal. Antonildo Pereira (coordenador de pessoal docente), Elenira Vilela (coordenadora geral), Lucrécia Helena e Wildson Justiniano (plantonista de base SS Rio Pomba-MG), além de sindicalizados(as) da seção Sindsifpe, participaram da atividade.

*Informações divulgadas originalmente pela organização da 7ª Marcha das Margaridas. Texto elaborado com informações da Agência Brasil.

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