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Julio Lancellotti – Fé e Rebeldia: bate-papo sobre o documentário

Postagem atualizada em 28/08/2023 às 12h34

O SINASEFE conversou com Carlos Pronzato e Paulo Pedrini, o diretor e o produtor do documentário Padre Julio Lancellotti: Fé e Rebeldia. Eles comentaram o envolvimento das entidades de trabalhadores com a produção, os desafios de produzir o filme durante a pandemia, a relação com o padre Lancellotti e ainda algumas curiosidades sobre o documentário. Veja abaixo a conversa completa:

Trajetória e produção

Paulo Pedrini, produtor do documentário, é professor de História e Sociologia da rede estadual e municipal de São Paulo e membro da Pastoral Operária. “O Julio é um amigo também, de longa data, de décadas. O que ele gostou no documentário é que aqueles que mais falaram foram as pessoas que convivem com ele” comentou Paulo, referindo-se ao padre Julio.
Carlos Pronzato já trabalha há algumas décadas com temas sociais e políticos. “Me impactou muito a atividade do padre Julio nas ruas, com seu ombro amigo para as pessoas em situação vulnerável: uma pessoa com essa disposição e afinidade mesmo num momento crítico da pandemia!”, comenta Pronzato.
Contando um pouco do processo de produção e das gravações, Pronzato explicou a dinâmica dos trabalhos e seu contato mais aprofundado com a Teologia da Libertação. “Procuramos retratar o mundo das pastorais, das casas de oração, esse mundo ‘Lancellottiano’, um universo que passei a conhecer melhor agora, graças ao Pedrini. Há um tempo atrás, tive um contato mais próximo com o mundo católico pelo Grito dos Excluídos, quando fiz um documentário com Frei Cappio. Passei a fazer diversas leituras sobre a Teologia da Libertação e pautamos isso no documentário também”, explica Pronzato.

Participação das entidades

“Foi uma opção política não ter nenhum apoio institucional, toda a verba estrutural do filme é proveniente de entidades da classe trabalhadora, principalmente do movimento sindical. É um trabalho fruto dos trabalhadores” explica Pedrini. “Agradecemos não só ao SINASEFE, mas à todas as entidades que apoiaram o projeto, por que não adianta só ter a ideia se não conseguirmos materializar o trabalho”, complementa o produtor.
“Eu poderia trabalhar de uma forma mais ‘profissional’ com editais e verbas semelhantes, mas essa é uma opção política, de fato. Continuo assim, com essa postura, por que me envolvo de verdade com o movimento social. E, na verdade, não pedimos apoio, nós exigimos essa participação” pontua Pronzato, comentando a sua maneira de fazer cinema.

O padre Julio Lancellotti

“Parece que o mundo descobriu o Julio agora, mas há uns vinte, vinte cinco anos, pelo menos, que ele faz isso, é um trabalho incansável coordenado por ele” destaca Pedrini. Ele comenta também que a Casa de Oração do Povo da Rua, mostrada no filme sob os cuidados de Julio Lancellotti, foi inaugurada em 1996, por Dom Paulo Evaristo Arns: “(…) além de ser um tempo religioso, a casa é um espaço de convivência do povo de rua”. “O trabalho de Julio é uma pequena trincheira de resistência, é uma opção clara pelos pobres”, reforça Pronzato.

A militância e a igreja

“Tive que deixar de lado muitos preconceitos em relação à religiosidade e à igreja” revela o diretor. Ele comenta também a distorção do cristianismo e o fascismo em alta no Brasil e a postura acertada, firme e diferenciada de pessoas como o Padre Lacellotti nessa conjuntura. “A gente reivindica aquele Cristo que poderia mandar todo esse povo (fascista) para aquele lugar” dispara.

“A igreja é como a sociedade, é plural, você tem de tudo dentro a igreja: desde figuras como o Julio, Dom Paulo, Dom Pedro Casaldáliga (que são da corrente ligada à Teologia da Libertação com uma prática histórica de inserção social e de organização popular) até movimentos que são mais que conservadores, são reacionários mesmo. Existe oposição ao trabalho do Julio inclusive dentro da própria igreja”, explica Pedrini.

“É impossível a gente falar de igreja e de religião de uma forma monolítica. Quando questionado sobre uma possível oposição entre a religiosidade e a política, Frei Betto respondeu: ‘o mundo não se divide entre crentes e ateus, e sim entre opressores e oprimidos’ e ai cabe a nós decidir de que lado a gente vai estar”, complementa Paulo Pedrini.

Documentário completo

Assista abaixo ao documentário completo:

Live de lançamento (com participação do Padre Julio)

Live de lançamento do documentário, realizada em 1º de maio de 2021:

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