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Nossa Rede de Ensino quer crescer com garantia de investimento e autonomia acadêmica

Postagem atualizada em 27/08/2021 às 23h54

Recentemente, para nossa surpresa, soubemos informalmente que onze reitores(as) (IFPA, IFMA, IFPB, IFBA, IF Baiano, IFPE, IF Sertão-PE, IFSP, IFCE, IFPI e IFPR) receberam o convite da Setec/MEC para uma reunião presencial a se realizar em Brasília-DF no dia 30/08/2021, onde o governo deverá anunciar a implementação de 10 novos Institutos Federais (IFs) no país, a partir da divisão e fragmentação das unidades já existentes.

Além da surpresa, pois o governo Bolsonaro vem constantemente cortando e bloqueando verbas para nossa rede federal de ensino, esse anúncio se dá logo após duas declarações do ministro da educação que consideramos ameaçadoras ao nosso trabalho de excelência que realizamos na rede federal de ensino básico profissional e tecnológica: a primeira declaração afirma que “universidade não é para todos”; a segunda, “alunos deficientes atrapalham a aprendizagem dos alunos normais”.

Importante registrar que os IFs são os campeões de aprovação do Enem e se destacam nas avaliações do PISA, portanto responsável pela aprovação ao ensino superior dos alunos filhos de trabalhadores, do povo pobre, dos negro(a)s e moradores de periferia terem ingresso nas universidades, e são nos IFs que construímos a política mais séria de investimento na inclusão de pessoas deficientes. De tal modo, não podemos relevar as declarações do ministro da educação, elas têm endereço certo ao atacar o trabalho desenvolvido na nossa rede federal de ensino básico, profissional e tecnológico.

Ademais, recentemente as três tentativas de intervenção nos IFs, promovidas pelo governo Bolsonaro, com nomeação de reitores interventores nos IFRN, IFSC e o diretor geral do Cefet-RJ foram derrotadas na Justiça e conseguimos empossar os eleitos, com uma importante resistência da comunidade acadêmica. Nossa mobilização surtiu efeito.

Diante do exposto, fica a preocupação: esses 10 (dez) novos IFs representarão crescimento e interiorização da nossa rede, como desejamos, ou será apenas uma divisão dos atuais IFs, permitindo assim que o governo Bolsonaro nomeie 10 novos reitores coniventes com sua política de destruição do nosso projeto pedagógico vitorioso?

Vimos também recente declaração do ministro da Educação, segundo o qual universidade não é para todos e que o governo estaria preocupado com a formação técnica voltada para o mercado de trabalho. Como ficará nosso ensino integrado?

Queremos e apoiamos o crescimento da nossa rede de ensino, seu projeto original previa alcançarmos 12% dos jovens em idade escolar para o ensino médio, e não chegamos a 4%, mas para nós, esse crescimento tem que garantir o investimento necessário para garantir nosso trabalho de excelência, como no mínimo, algo em torno de nove mil dólares ano por alunos, valor que era uma realidade antes do golpe jurídico parlamentar em 2016.

Por fim é lamentável que o governo Bolsonaro apresente um projeto de construção de 10 novos Institutos sem promover qualquer discussão com a comunidade acadêmica, seus professores e técnico-administrativos, responsáveis direto pelo sucesso do trabalho realizado na Rede, nem mesmo converse com os atuais gestores, reitores, diretores de campus, pró-reitores, diretores de ensino e diretores administrativos.

Temos motivos de sobra para duvidar da boa intenção desse governo, que anuncia a criação de 10 novos institutos simultaneamente à possibilidade de aprovação da PEC 32/2020, onde todos os cargos de gestão, coordenação acadêmica, chefe de setor serão ocupados por um novo servidor públicos, denominado “assessor de liderança”, que chegará nas instituições sem concurso e indicado pelo Presidente da República, será sem dúvida, um ameaça a tudo que construímos na nossa rede federal de ensino básico, profissional e tecnológico desde de 2008, data da lei de criação dos IFs.

Temos orgulho do trabalho que realizamos, os IFs estão entre as melhores escolas do ensino médio do mundo, somos os campeões de aprovação do Enem, garantimos uma formação técnica qualificando nossos alunos com um ofício para enfrentar o tão difícil mercado de trabalho. Por tudo isso merecemos respeito e exigimos: que o projeto de criação dos 10 novos Institutos do governo seja submetido a uma discussão com gestores e trabalhadores da nossa Rede de Ensino.

O SINASEFE defende o crescimento e ampliação da Rede Federal de Ensino Básico, Profissional e Tecnológico com garantias de investimentos e a autonomia de discussão dos projetos pedagógicos desenvolvidos nas nossas instituições.

A defesa da nossa Rede de Ensino estará sempre entre nossas prioridades de luta.

Brasília-DF, 27 de agosto de 2021
Direção Nacional do SINASEFE