Postagem atualizada em 14/07/2021 às 12h30
No dia 03 de julho tivemos manifestações contra o governo em diversas cidades por todo o país, inclusive na minha, onde um ato simbólico, silencioso, sem aglomeração e autorizado pela prefeitura. Ação que deixou muitos bolsonaristas irritados, que sentiram-se no direito de agredir e ameaçar dois servidores públicos que participaram do ato.
No ato em questão, dois servidores, uma colega e um colega de campus, afixavam algumas cruzes de madeira para lembrar os mortos, com alguns dizeres como “Fora genocida!”, “Vacina no braço já!”, “Contra a privatização da Eletrobras!”, entre outros. Esta ação aconteceu na Via Verde, um parque público de Jaraguá do Sul. Outras cruzes foram colocadas em diferentes locais por outros manifestantes.
Um indivíduo que passou pela Via Verde e não gostou da manifestação, retirou as cruzes do local, levou pra casa e gravou um vídeo com uma arma em punho (mas sem mostrar o rosto, logicamente) falando que o parque não é lugar para manifestações políticas. As cruzes retiradas aparecem ao fundo, com a arma em primeiro plano.
Após a divulgação do referido vídeo nas redes sociais (num típico perfil fake), um “jornalista” comentou o ocorrido em um programa de rádio local, ao vivo. Ele ligou pra um amigo deputado, também bolsonarista, perguntou o que achava da manifestação e ambos passaram a xingar os professores. Xingamentos, palavras de baixo calão.
O mesmo “jornalista” fez uma enquete em suas redes sociais questionando a opinião das pessoas sobre o fato, e aquelas que ousavam se manifestar favoravelmente aos servidores foram duramente criticadas pelo “jornalista”.
Toda a argumentação dos apoiadores do governo, que se sentiram ofendidos com a situação, caiu por terra quando a própria prefeitura de Jaraguá do Sul se manifestou. A prefeitura reafirmou que não houve nada de errado com o ato, que não houve depredação de patrimônio, não houve interrupção ou bloqueio do trânsito, não houve poluição, etc.
O que houve então em Jaraguá do Sul?
Neste país misógino, racista e homofóbico, onde mulheres, pretos e LGBTQIA+ são constantemente mortos ou submetidos aos mais diversos tipos de violências, dentro e fora de suas próprias casas. Onde misóginos, racistas e lgbtfóbicos são idolatrados pelo presidente e sua base de ultradireita, estamos cada vez mais longe de sermos um país civilizado.
Mas não vão nos calar. Não podemos nos calar, senão os que nos violentam vencem.
Essas violências são incentivadas pelo atual presidente, por meio de seus atos e declarações que atacam a todos e qualquer um que lhe contrarie. Bolsonaro promove também o desmonte do país vendendo as estatais (que são lucrativas sim) e aprofunda as interferências nos serviços públicos pela da nomeação de seus aliados para gestores (#ForaAndré). Além disso, o governo reduz as verbas para dificultar o funcionamento dos serviços, fazendo com que a população, já desassistida, seja ainda mais prejudicada com a falta de serviços básicos como saúde e educação. E ainda segue destruindo a Amazônia e promovendo a morte dos indígenas. Esse presidente, cuja proposta sempre foi “acabar com tudo isso que tá aí” está fazendo de tudo pra cumprir seu objetivo.
Esse governo genocida e corrupto ficou negando e atrasando a compra de vacinas. Agora sabemos o real motivo: ganhar com propina, sem se importar com a morte de mais de meio milhão de brasileiros por COVID-19.
Um governo que só fala em abrir o comércio para salvar a economia (dica: pessoas são necessárias para economia funcionar), atrasa e diminui o auxílio emergencial, afetando ainda mais os já necessitados, fazendo o Brasil voltar pro mapa da fome devido ao empobrecimento da população.
Não podemos esperar pelas próximas eleições para mudar essa situação, elas podem não ocorrer! Além de que, vai saber com o que mais vão tentar acabar até lá? Quantos mais precisam morrer pra que esse indivíduo com comportamento de piá de bosta seja tirado da presidência?
E antes que “me mandem pra Cuba”, lembro para as pessoas que vão para Europa e acham que lá tudo funciona melhor, que é mais seguro, mas não enxergam a relação entre limpar o próprio banheiro e poder usar um ‘MacBook’ no transporte público.
Vou desenhar: é justamente a menor desigualdade social que faz a criminalidade desses locais mais baixa. É o fato de que mesmo os trabalhos mais simples pagarem o suficiente pra que ninguém tenha que se submeter a trabalhos quase escravos pra sobreviver, que torna itens, como eletrônicos por exemplo, acessíveis mesmo pra quem trabalha fazendo faxina.
É justamente uma sociedade mais igualitária que defendemos: onde todos tenham acesso a serviços públicos de qualidade. Uma sociedade onde todas as pessoas, independente de raça, sexo, religião, sexualidade, origem ou qualquer outra característica pessoal, sejam respeitados e possam viver dignamente, e nesse momento o maior impedimento que temos para isso é esse governo corrupto e genocida, que está destruindo tudo e cagando pra todos enquanto incita ainda mais a violência.
Por isso precisamos intensificar as lutas e gritar cada vez mais alto: #ForaBolsonaro
Mais informações sobre o ocorrido:
Professores que participaram de protesto contra Bolsonaro são ameaçados de morte (Brasil 247)
Ativistas do Fora Bolsonaro são ameaçados de morte em Jaraguá do Sul (Voz da Resistência)
Vídeo: Polícia Civil investiga ameaça contra opositores de Bolsonaro em Jaraguá do Sul (O Correio do Povo News)
Nota de solidariedade à luta em Jaraguá do Sul (Sinasefe IFSC)
*Texto de autoria de Fernanda Rosá, natural e moradora de Jaraguá do Sul, ela também é coordenadora de políticas para mulheres do SINASEFE.
