Postagem atualizada em 13/10/2021 às 16h48
O escancarado controle das emissoras públicas federais pelo bolsonarismo continua sonegando à população o direito à informação na Pandemia, impedindo ainda uma reflexão sobre o luto em relação aos mais de 600 mil brasileiros mortos pela COVID-19.
De maneira protocolar, o apresentador e editor do Repórter Brasil, principal noticioso da TV Brasil, Paulo Leite, registrou nova marca simbólica de mortos na sexta-feira (08/10), sem nenhum pesar ou dor, emendando, com mais tempo, os números de “recuperados” e dados da vacinação. Mais propaganda das ideias de Bolsonaro ao vivo.
A cobertura continua a desumanizar a tragédia. A comunicação pública, que por lei precisa de independência para desenvolver uma consciência crítica na população, resume a tragédia brasileira a apenas poucos segundo de números. Nenhuma consulta a fontes ou especialistas que façam alguma avaliação dos erros de condução das políticas públicas de combate e prevenção da doença ou da falta delas.
A Agência Brasil também negou a dimensão das mortes na capa do site, em texto que destacava apenas o declaratório do ministro da Saúde a respeito da previsão de chegada de vacinas para 2022. No texto sobre as 600 mil mortes, escondido no site, o mesmo mote utilizado pela TV, sendo incluída apenas após a publicação uma nota da Anistia Internacional pedindo que a PGR apure as responsabilidades da pandemia. Novamente as mortes não têm rosto, família, sentimento, muito menos responsáveis.
Já no radiojornalismo, uma matéria isolada tenta ilustrar as 600 mil mortes. Mas o recorte não é sobre as perdas e sim sobre como as coisas vêm “melhorando” e as pessoas estão mais tranquilas. O foco no cenário “positivo”, nos recuperados, naturaliza, mais uma vez, a dimensão da tragédia. Não há reflexão, não há crítica, não há jornalismo, não há comunicação pública.