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Entrevista de Lula bate recorde no podcast Flow e alcança 1,7 milhão de pessoas

Postagem atualizada em 21/10/2022 às 11h52

Mais de 1,7 milhão de pessoas assistiram em tempo real a entrevista do ex-presidente Lula (PT) ao podcast Flow, na noite desta terça-feira (18/10). A conversa de Lula com o apresentador Igor 3K durou 1h40 e tratou de todos os temas de interesse dos eleitores. Em agosto, a entrevista de quase 5h com o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, atraiu meio milhão de pessoas.

Além do recorde de audiência, a participação de Lula no podcast foi destaque nas redes sociais. No Twitter, a hashtag #LulaNoFlow ocupou o primeiro lugar nos trending topics (temas mais comentados), com mais de 130 mil menções, na primeira hora. O podcast Flow com Lula se aproximou de 6 milhões de visualizações antes da meia-noite.

Volta sem mágoas

Sobre a sua volta, se eleito presidente pela terceira vez, após ser perseguido, preso sem crime e sem provas pelo ex-juiz Sérgio Moro que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou suspeito, Lula disse que não tem mágoas e que não vai usar o cardo para ser vingativo.  

“Voltei sem mágoas. Esse coração velho está apaixonado. Não tenho idade e nem posso utilizar o cargo para ser vingativo. Voltei porque acredito que é preciso melhorar a vida do povo, quero cuidar da família”, disse o petista. 0 “Moro é um mentiroso”, afirmou Lula em referência ao ex-juiz da Lava Jato, eleito senador pelo União Brasil no estado do Paraná.

Escandâlos x luta de classes 

Durante a entrevista, o apresentador cobrou de Lula “autocrítica” do PT por “escândalos de corrupção”. Lula rebateu que, na verdade, a origem do antipetismo é outra, é a velha luta de classes.

Lula citou avanços sociais durante de seus governos, que causaram insatisfação em setores da elite. “Você acha que a elite brasileira engoliu de graça o PT fazer uma lei para registrar a empregada doméstica em carteira, com jornada de trabalho, direito a férias, descanso semanal? Que eles aceitaram o fato de a gente fazer com que as pessoas pobres da periferia chegassem a fazer universidade?”

Prouni é uma revolução 

A educação, um tema caro a Lula, que construiu junto com Dilma 18 novas universidades federais e 173 campus universitários, praticamente duplicando o número de alunos entre 2003 a 2014: de 505 mil para 932 mil. Sem contar os institutos federais que também tiveram uma grande expansão durante os governos do PT – foram implantados mais de 360 unidades por todo o país – foi outro tema abordado na entrevista.

Lula destacou que expandiu de 3,5 milhões para 8 milhões as matrículas em universidades, por meio de programas de inclusão.

“E vai ter mercado para essa galera?”, questionou o entrevistador, que reconheceu os avanços: “Eu me formei pelo ProUni”.

“Eu fico feliz que você é um ‘cara’ que se formou pelo ProUni. O ProUni foi a coisa mais extraordinária. A mulher do Haddad, a Ana Estela, pensou nisso em um projeto para São Paulo, e aproveitamos um projeto nacional”, relatou. “Eu viajo pelo Brasil, as pessoas mostram um papelzinho escrito e falam, ‘Lula, sou do ProUni’, sou o primeiro da minha família,” disse Lula se referindo aos jovens que mostram o diploma conquistado.

O que mudou?

O apresentador do Flow perguntou “o que mudou” para que Lula conseguisse tais avanços no seu governo. “Os mais pobres passaram a ganhar mais. O salário mínimo aumentava todo ano.

De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de abril de 2003 a janeiro de 2016, meses em que foram feitos os reajustes salariais, o aumento real – acima da inflação – do salário mínimo foi de 77,18%. Bolsonaro acabou com a Política de Valorização do Salário Mínimo criada noss governos do PT e há 4 anos não tem aumental real para o piso nacional. 

Quando o petista assumiu o Governo Federal, em 2003, o salário mínimo brasileiro era de R$ 200,00. Em abril do mesmo ano, houve aumento para R$ 240,00. No fim de seu segundo mandato, em 2010, o salário estava em R$ 510,00.

O agricultor familiar começou a ganhar mais, continou Lula que citou políticas de estímulo a pequenos agricultores, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), quando o governo comprava parte da produção para compor estoques de regulação e para garantir alimentos saudáveis aos estudantes das escolas públicas.

Desde o golpe de 2016, que destituiu a presidenta Dilma Rousseff, os estoques de alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao Ministério da Agricultura, vêm caindo, até chegar a um nível próximo de zero. Sem estoque regulador, a inflação dos alimentos demora a cair.

“A gente inverteu um pouco a lógica de achar que os pobres não podem subir um degrau na ascensão social. Tiramos 36 milhões de pessoas da miséria absoluta. Acabamos com a fome, que voltou agora”. O Brasil atingiu este ano o maior número de pessoas com fome desde a década de 1990. 

“E conseguimos colocar 42 milhões de pessoas com padrão de classe média baixa”, prosseguiu Lula, lembrando que nessa época a população do Nordeste passou a “encostar o jegue”, porque havia adquirido uma motocicleta.

A melhoria de vida dos nordestinos por causa do aumento da geração de emprego e renda foi lembrada ontem em comentário da jornalista Amanda Klein, da Jovem Pan, ao defender o votos de quem mora na região em Lula. Segundo ela, o voto do nordestino é inteligente porque é dado a quem atende seus interesses. 

Segundo pesquisa Ipesp, divulgada nesta quarta-feira (19), 67%  dos nordestinos  declararam que irão votar no petista, contra 25% em Bolsonaro. 

Sobre os rumos do PT, Lula admitiu que o partido se distanciou das suas bases originais, porque o mundo do trabalho também mudou. “Na minha época, a Volkswagen tinha 47 mil trabalhadores, hoje tem 7 mil.” Mas disse que o partido não pode abandonar as populações que moram nas periferias das cidades brasileiras: “Se for pra ser igual aos outros, a gente não precisa existir.”

Do aborto ao teto de gastos

Foram inúmeros os temas abordados na entrevista. Lula respondeu, por exemplo, sobre a polêmica do aborto. “Sou contra o aborto. Não é bom para o pai nem para a mãe. Sou contra pessoalmente. Quem tem que decidir é a lei, não eu. É preciso parar de inventar, parar de fetiche, de inventar coisas”.

Voltou a rebater fake news absurdas criadas pelo campo bolsonarista. “Falam que o Lula vai fazer banheiro unissex. É absurdo. Esses caras não têm respeito. Sou pai de cinco filhos. Tenho netos e bisnetos. Esses caras pensam que podem mentir na igreja; lugar que vamos para cuidar da espiritualidade e não para mentir”.

Voltou a combater as políticas contracionistas na economia. “Teto de gastos para quem?”, questionou o ex-presidente. “Só vale pagar juros para banqueiros? Educação não é gasto, é investimento. Cuidar da saúde é investimento. Precisamos tratar as pessoas com dignidade. Ninguém quer discutir aumento de salário, jornada de trabalho”, disse Lula.

Corintiano, Lula fez brincadeiras relacionadas ao futebol, e ironizou o apoio do atacante Neymar ao atual presidente às vésperas do primeiro turno. “Não fico puto, o Neymar tem direito de escolher o que ele quiser para ser presidente. Eu acho que ele está com medo de, se eu ganhar as eleições. eu vá saber o que o Bolsonaro perdoou da dívida do Imposto de Renda dele.

Fonte: Redação CUT

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